Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG)
...as
relações entre a ciência e o senso comum são mais estreitas, mais íntimas do
que comumente se admite.
Rubem
Alves
To say that all human thinking is essentially of two
kinds –
reasoning on the one hand,
and narrative, descriptive,
contemplative thinking on the
other – is to say only what
every reader’s experience will
corroborate.
William
James
A
aquisição de língua estrangeira é um processo sócio-cognitivo complexo e suas
manifestações através do uso da linguagem têm sido objeto constante da pesquisa
em lingüística aplicada. Explicar a aquisição de línguas sempre foi um desafio
para todos que investigam o ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras
(LE) ou de segunda língua (SL)[1],
pois nenhum pesquisador tem acesso direto às experiências dos aprendizes de
forma a poder descrever, com segurança, o processo de aquisição de uma língua. Podemos, no entanto, contar com o
relato dos próprios aprendizes, por meio de suas narrativas e reflexões sobre
seus processos de aprendizagem. Pavlenko (2001, p.213), por exemplo, tem investido
nessa direção e acredita que memórias de aprendizagem têm um grande potencial
para os estudos sobre segunda língua. Ela considera as narrativas, “uma fonte
única de informações sobre motivações, experiências, lutas, perdas e ganhos” e,
citando McGroarty (1998, p. 558), acredita que “a perspectiva de longo prazo
adicionada ao apanhado geral das questões da aprendizagem de língua é vital na
nossa área.”
De fato, ao examinar as narrativas coletadas
para o projeto de pesquisa, em andamento, sobre autonomia na aprendizagem de
LE, pude perceber que a complexidade do processo de aprendizagem se revela,
nesses relatos, sob diferentes perspectivas, em quatro dimensões: temporal,
espacial, pessoal e tecnológica (entendida como a soma dos artefatos culturais
mediadores de aprendizagem). Tal é a riqueza desse tipo de texto que acredito
ter encontrado uma boa opção para construir a base empírica para o modelo
teórico de aquisição que estou desenvolvendo e que denominei de modelo
fractal de aquisição de línguas[2].
Parto, portanto, do pressuposto de que as narrativas de aprendizagem de falantes
e aprendizes de LE podem ser instrumentos valiosos para compreender a
complexidade do processo de aquisição de LE.
As narrativas conferem significado a contextos
de aprendizagem na perspectiva dos próprios aprendizes. Através delas, podemos
saber porque e como alguém aprendeu ou aprende uma língua e chegar a um certo
grau de entendimento do fenômeno da aquisição que, possivelmente, não
poderíamos perceber através de outra metodologia.
A
realidade construída através de narrativas tem sido objeto de pesquisa em
várias áreas do conhecimento. Alguns poucos exemplos são: Todorov (1979), na
literatura; Labov
e Waletzky (1967), na lingüística; Schafer (1992), na psicanálise; Reissman (1993), em estudos sociais; Brown
(1993), em estudos sobre tecnologia da informação; Geertz (1995), na
antropologia; Abma
(1998), na área de saúde e Bruner (2002), na psicologia.
Na área de lingüística aplicada, um dos
trabalhos mais citados é o de Clandinin
e Connelly (2000) cujo foco é a
formação de professor. Nos estudos de segunda língua, destacam-se Oxford
(1996); Pavlenko e Lantolf (2000); Pavlenko (2001); e Murphey (1998, 1999;
2001; e 2004, no prelo).
Bruner
(2002, p. 46) define a narrativa como “uma seqüência singular de eventos,
estados mentais, ocorrências envolvendo seres humanos como personagens ou
atores”. Ele defende que viemos ao mundo equipados “com um conjunto de
predisposições para interpretar o mundo social de uma forma particular e para
agir sobre as nossas interpretações”, ou seja, equipados com o que ele chama de “aptidão para o
significado” (Bruner, 2002, p. 69). A
narrativa é, pois, para o autor, uma forma de pensar, de organizar a
experiência humana, de organizar a apreciação de si mesmo, dos outros e do
mundo onde se vive.
É
no parágrafo final de Bruner (2002, p. 116) que encontro o gancho para associar
o estudo das narrativas à teoria dos sistemas complexos, ou teoria do caos,
quando o autor defende sua proposta de psicologia cultural, afirmando que “as
mentes e vidas humanas são reflexos da cultura e da história, bem como da
biologia e dos recursos físicos.” Acredito que a aquisição de uma língua
estrangeira é um sistema complexo e que um modelo de aquisição de LE não pode
olhar as questões da linguagem dissociadas dos demais subsistemas: biológico,
cognitivo, cultural (incluindo os artefatos culturais), sócio-histórico, e
todos os fatores que esses aspectos implicam.
McGroarty (1998, p.617), também reconhece
a complexidade do fenômeno e aponta os novos horizontes para a construção de
teoria e pesquisa em lingüística
aplicada. São eles:
(...) uma
visão ampliada do papel da língua; aumento da habilidade em identificar
condições ótimas para aprendizagem tanto formal como informal, incluindo
condições que permitem o acesso aos vários tipos de experiência; e atenção mais
explícita aos fatores sociais e materiais que afetam o acesso à língua, dentro
e fora da escola.[3]
O
autor reconhece também o caráter interdisciplinar da área, ao afirmar que novas
possibilidades de pesquisa surgem dessas preocupações associadas aos estudos
construtivistas e aos tópicos
desenvolvidos pelas ciências sociais, notadamente a antropologia, a
sociologia, e a psicologia social.
Nosso grupo de pesquisa está empenhado em
investigar esses novos horizontes propostos por McGroarty, tanto no que diz
respeito à aquisição de língua estrangeira quanto à formação de professores.
Meu interesse especial, neste novo projeto, é incluir evidências empíricas no
modelo de aquisição baseado na teoria do caos, proposto na defesa de meu
memorial para professora titular (Paiva, 2002), e revisto no primeiro ano da
pesquisa sobre autonomia[4],
de forma a incorporar as sugestões dos pareceristas da revista D.E.L.T.A.
Doutorandos, sob minha orientação
investigam aspectos diferentes do fenômeno complexo da aquisição de língua
estrangeira. Alguns deles, além de outros tipos de dados, utilizam também as
narrativas de aprendizagem: Júnia Braga examina a questão da autonomia e da
aprendizagem colaborativa em contexto on-line; Vicente Parreiras, a complexidade
da sala de aula on-line[5],
Grace Botter, a aquisição de língua inglesa por crianças; Valdir Silva, scaffolding
em curso on-line; Antônio Carlos Soares compara a interação presencial com a
interação on-line em curso de língua inglesa; e Eliana Carolina, a formação de
professor em contexto on-line. Além dos doutorandos, a mestranda Silvana
Sabariz está finalizando sua pesquisa sobre estratégias de aprendizagem de
alunos de língua inglesa em uma disciplina on-line.
Outros pesquisadores, colegas da UFMG e de outras instituições,
utilizando suportes teóricos diversos, estão investigando outros aspectos
através do corpus que estamos montando com as narrativas. Dra. Ana Maria
Barcelos (UFV) pesquisa as crenças dos aprendizes; Dr. Diógenes Lima (UESB),
questões culturais; Dr. Francisco Quaresma de Figueiredo (UFG), os erros; Ms
Liliane Sade (UFSJ) identidades de aprendizes; MS Luciana Silva (UNILESTE),
estratégias de aprendizagem; Dra. Magali Barçante Alvarenga (UNIMEP), as
competências do aprendiz; Dr. Ricardo Augusto examina a influência da instrução
formal; Dra. Regina D’Isolla e
Dra.Percília Santos (UnB), aquisição de português como LE. Na área de formação
de professores, temos as pesquisadoras Dra. Maria Luiza Ortiz (UnB), Deise
Prina e Heliana Melo (UFMG). As duas últimas utilizam as narrativas também como
instrumento de reflexão no projeto de extensão EDUCONLE, que visa à formação
continuada de professores de inglês e espanhol da rede pública de Minas Gerais.
O
objetivo principal deste projeto é construir um modelo teórico de aquisição de
língua estrangeira com suporte da teoria dos sistemas complexos, ou teoria do
caos, de um conjunto de teorias de aquisição e de evidências empíricas em
narrativas de aprendizagem. Em decorrência desse objetivo, outros quatro
emergem:
(1)
selecionar as
teorias de aquisição mais citadas na literatura e fazer uma revisão teórica à
luz da teoria dos sistemas complexos.
(2)
investigar índices do
processo de aquisição em narrativas de aprendizagem;
(3)
confrontar esses índices com as teorias sobre aquisição selecionadas;
(4)
identificar características típicas de um sistema complexo nos processos de
aquisição identificados nas narrativas.
Teorias
de Aquisição
As teorias sobre aquisição de línguas têm
descrito o fenômeno dentro de perspectivas limitadas que não conseguem abordar
todos os fatores envolvidos em um processo tão complexo. Segundo Larsen-Freeman
e Long (1994, p.227) existem cerca de quarenta teorias de aquisição, mas os autores
discutem apenas algumas delas, que dividem em 3 grandes grupos: teorias
nativistas; teorias ambientalistas (environmentalist); e teorias
interacionistas. É fácil perceber, pelos rótulos desses grupos, que o primeiro
vê a aquisição como uma capacidade biológica inata; o segundo enfatiza o papel
do contexto e da experiência; e o terceiro tem, como foco principal, a
interação. No último grupo se inserem teorias que diferem muito umas das outras
(Larsen-Freeman e Long,1994, p.266), mas todos investem na questão do uso da
língua, sem, contudo, ignorar a capacidade inata e os fatores do contexto ou do
ambiente,
Alguns dos modelos de aquisição retratam
o fenômeno dentro de uma ótica linear e mecanicista da previsibilidade, e
outros, apesar de não ignorarem a existência de múltiplos aspectos na
complexidade da aquisição, focam apenas um desses aspectos. Vejamos, de forma
sucinta, como as teorias mais divulgadas entre nós explicam a aquisição:
·
o modelo behaviorista
vê a aquisição como criação de hábitos automáticos adquiridos através da
imitação, em forma de repetição (drills);
·
a hipótese do input
de Krashen (1985) ressalta a importância de input compreensível
adicionado a um nível de dificuldade (i+1) para que a aquisição ocorra.
·
Swain, ao contrário de
Krashen, aposta no poder do output e argumenta que, na
aprendizagem, o output é mais
poderoso, pois exige maior esforço mental do que o input,
visto que o aprendiz tem de elaborar sua produção lingüística (Swain, 2000, p.
99).
·
Hatch (1978) enfatiza a
importância da interação, especialmente para a aquisição de vocabulário: o
aprendiz interage com falantes mais proficientes, negocia sentido e, assim,
adquire a língua.
·
Schumann vê a aquisição de SL como um processo de
aculturação, ou seja, uma maior adaptação ao grupo social sem a interferência
de fatores afetivos (ex. choque cultural) é um fator propulsor da aquisição da
língua falada por aquele grupo. Na visão de Schumann, quanto mais o aprendiz se
aproxima da cultura do outro (aculturação), mais ele aprende a língua (Ellis, 1985 e 1997).
Muitas outras hipóteses poderiam ser
listadas, todas elas apontando para um dos sub-sistemas, ou partes do processo
de aprendizagem, que compõem o sistema complexo que é a aquisição de uma outra
língua. Considero que todas essas teorias, inclusive a behaviorista,
representam esforços para explicar partes de um mesmo todo e não devem ser
descartadas, mas reunidas de forma a se ter uma visão global do processo.
O exame das narrativas de aprendizagem
poderá nos indicar se os aprendizes e falantes mencionam experiências de
aprendizagem que podem ser explicadas por essas teorias ou pela combinação de
algumas delas.
Narrativas
de aprendizagem:
Uma narrativa ideal, segundo Todorov (1979, p.138), começa por uma
situação estável que uma força qualquer vem perturbar. Disso resulta um estado
de desequilíbrio; pela ação de uma força dirigida em sentido inverso, o
equilíbrio é restabelecido; o segundo equilíbrio é semelhante ao primeiro, mas
os dois nunca são idênticos.
Na aprendizagem de LE também temos uma situação
estável de falante da língua materna que uma força, a outra língua, vem
perturbar. Confrontamo-nos com essa língua, muitas vezes de forma artificial,
sem identificação com uma comunidade de fala; outras vezes de forma prazerosa e
significativa, e quando a aprendizagem acontece, nova ordem se instaura, a de
falante de duas línguas. ParaTodorov (1979), a narrativa envolve a transformação de
personagens, ou de situações ao longo
do progresso da desordem. São essas transformações que esperamos encontrar nas
narrativas.
Oxford
e Green (1996) acreditam no potencial das narrativas de aprendizagem, tanto
para aumentar a consciência dos alunos sobre seu processo de aprendizagem como
para ampliar a compreensão do professor sobre cada aprendiz. Através de dados
coletados com alunos de várias nacionalidades, eles investigaram estilos e
estratégias de aprendizagem. Oxford e Green (1996, p.23) acreditam no poder das
histórias de aprendizagem para estreitar os laços entre os alunos quando estes
compartilham suas histórias.
Murphey
(1998, 1999; 2001; e 2004, no prelo) enfatiza
o potencial das histórias de aprendizagem para
a transformação de outros aprendizes. Ele iniciou sua coleta de histórias de
aprendizes de língua inglesa, no Japão, em janeiro de 1997, e as reuniu em um
livreto que foi distribuído, em abril do mesmo ano, a aprendizes do primeiro
ano da universidade de Nanzan, no Japão. Seu objetivo foi fazer com que os alunos refletissem
sobre a própria aprendizagem e, ainda, apresentar modelos de aprendizes
bem-sucedidos da mesma cultura e de idades semelhantes aos alunos
iniciantes. Segundo Murphey (1998),
essas narrativas foram também distribuídas a alunos do terceiro e do quarto ano,
e ele verificou que as histórias inspiraram até mesmo os alunos mais velhos.
Em
pesquisa relatada no capítulo a ser publicado, ainda este ano, em livro
organizado por Nunan e Benson, Murphey[6]
(2004, no prelo) investigou a construção social da identidade de
aprendizes de inglês em 142 narrativas
coletadas em abril de 2002. Participaram da pesquisa 84 aprendizes japoneses e
58 tailandeses. Ele verificou que
falta, a muitos aprendizes, um motivo para aprender a língua, ou uma comunidade
com a qual possam se identificar.
Em
nosso corpus, também existem algumas evidências do mesmo fenômeno. Um
dos pesquisadores de nosso grupo, por exemplo, relata o seguinte a respeito de
sua própria aprendizagem: “Não via muito propósito naquelas aulas, mas o que eu
podia fazer? O inglês tinha o mesmo nível de importância das outras disciplinas
e o aluno que não se dedicava podia ser reprovado.”
Para Murphey, é necessário um senso de comunidade e os professores
estão em posição privilegiada para criar “comunidades imaginárias”[7],
estimulando-as ou reprimindo-as. Nosso pesquisador relata que, após tomar gosto
pela aprendizagem da língua, “sonhava em ir para os Estados Unidos para poder
falar com um americano de verdade” e, quando trabalhava como controlador de
vôo, às vezes, ele e os colegas pediam para os pilotos falarem em inglês para
praticarem.
Nas narrativas já coletadas pelo nosso projeto,
fica muito evidente a “solidão” dos aprendizes de inglês em nosso contexto e a
ausência de interação com falantes de carne e osso. Há, no entanto, uma
presença muito marcante de manifestações culturais em língua inglesa – bandas de rock, filmes, vídeo-game, TV a
cabo, e desenhos animados – e um desejo intenso de atribuir sentido a essas
manifestações culturais.
McGroarty (1998), utilizando autobiografias,
investigou a identidade de aprendizes altamente letrados e reflexivos, focando
aspectos subjetivos da experiência de se aprender uma língua. Em seu texto, ela
enfatiza, entre outras coisas, a necessidade de se prestar atenção aos
artefatos usados para se ensinar e ressalta que “o uso das novas tecnologias
implica mudanças tanto nas relações sociais quanto na alocação de tempo que
afetam todo o processo instrucional e não apenas aquele momento particular em
que as tecnologias inovadoras são utilizadas” (McGroarty, 1998, p.607-608). De
fato, nos dados já coletados para investigar a questão da autonomia, há
inúmeras menções[8] ao uso das
ferramentas da Internet que são citadas ora como fonte de acesso a informações
sobre a língua, ora como mediadoras de interações autênticas.
Uma pesquisadora que vem se destacando por
seus trabalhos com memórias de aprendizes é Aneta Pavlenko. Em um de seus
últimos trabalhos, Pavlenko (2001) investiga como o gênero é discursivamente
construído nas memórias dos aprendizes de um corpus de 16 autobiografias.
Ela conclui que os homens retratam a aprendizagem como uma busca solitária e
como realização individual, ao passo que as vozes femininas constroem-se
através de metáforas que enfatizam as relações e a amizade.
Os
estudos sobre as histórias de aprendizagem têm investigado estilos e
estratégias de aprendizagem e questões de identidade, incluindo o gênero, mas
nenhum dos estudos conhecidos utilizou-se dessas histórias como evidência
empírica para construir um modelo de aquisição, seja de segunda língua ou de
língua estrangeira. Esse é o propósito principal deste projeto e, para tal,
pretendo analisar os dados, utilizando categorias da teoria do caos, ou teoria
dos sistemas complexos.
A
teoria do caos estuda os sistemas dinâmicos complexos não-lineares. Na
mitologia grega, o Caos era considerado o estado não organizado, ou o nada, de
onde todas as coisas surgiam. Eis o mito[9]:
No começo era o Caos. Não havia luz e também as
trevas não existiam. Era o Nada, o vazio total. Nele o Grande Espírito existia
sem consciência de sua própria existência. Não havia o Tempo, não havia o Amor,
não havia nada. Mas a não-consciência do Grande Espírito não impedia sua
existência, mergulhada em sono eterno, sono que pulsava em cadências de
expansão e recolhimento. E este movimento milenar começou a organizar o Caos em
ondas de energia. E passou a existir a consciência dessa energia.
No Caos,
no Nada, o Grande Espírito conheceu sua própria existência. E sentiu o impulso
de projetar-se pelo espaço infinito, de abrir suas imensas asas e limitar nelas
o Universo então vazio.
E começou a vibrar. À medida que se expandia através do Caos, ia deixando
impressa a possibilidade da existência. A consciência da existência fez vibrar
o Caos com intenção. Formou-se uma energia que se foi reunindo em negros
agrupamentos. E assim surgiu Nix - a Noite. E ela tornou-se a existência das
trevas superiores, envolvendo-as com seu manto negro.
Junto
com Nix surgiu seu irmão, Érebo, as trevas infernais, inferiores.
E os
dois irmãos, unidos, mas tão opostos, coexistiram no seio do Caos.
E assim
foi que no Universo, antes vazio, passaram a existir os irmãos sombrios, Nix e
Érebo, unidos pela própria escuridão.
Nix e Érebo, tensionados em si mesmos, explodiram em luz e depois desta
explosão, numa lentidão que só acontece fora do tempo, Érebo mergulhou para
sempre nas profundezas infernais e Nix, solta no Caos agora cheio de Luz,
começou a encurvar-se até transformar-se numa esfera, que começou a vibrar,
procurando expandir-se ainda mais.
Estavam
criadas a luz e as trevas. Luz e trevas eram a consciência dualizada. Eram o
mais e o menos, o positivo e o negativo. Eram luz e eram trevas.
Nix
pulsava e se expandia, mergulhada na luz. E teve a consciência de que a luz era
o oposto que a complementava. E na tentativa de expansão, na tentativa de
tornar-se una com o éter luminoso, a esfera em que havia se transformado
partiu-se ao meio e as duas metades se separaram. Do esforço único dessa
separação nasceu Eros, o Amor. Amor energia, Amor ígneo que ocupou o Nada,
impregnou o Universo despertando a semente da Vida.
O Amor
uniu, por fim, a luz e as trevas.
Parafraseando o mito, no contexto da aquisição, faço
o seguinte exercício retórico: No começo é o caos e só existe a língua materna.
A não-consciência da outra língua não implica sua não-existência. Ondas de
energia da outra língua, manifestadas por falantes ou mediadas pela indústria
cultural, trazem ao aprendiz a consciência dessa outra língua. No caos, o
aprendiz sente o impulso de abrir-se para essa outra língua e, à medida que a
experiencia, deixa impressa a possibilidade dessa segunda existência. Assim
surge a segunda língua ou língua estrangeira, passando ambas, a materna e a
estrangeira, a coexistirem no seio do caos, tensionadas entre si. A segunda
língua começa a expandir- se e o aprendiz tem a consciência de que uma
complementa a outra e, assim, constrói a sua identidade de usuário de duas
línguas.
A investigação do Caos teve início nos anos 60, com
estudos sobre previsões do tempo. Os estudos sobre o caos (ver Larsen-Freman, 1997; Lewin, 1994; Waldrop, 1992; Gleik, 1989;) demonstraram que
as leis da natureza não são tão previsíveis quanto se pensava, pois os sistemas
são complexos e passam, facilmente, de um estado de ordem para uma estado de
desordem, um estado caótico. Verificaram ainda que os sistemas complexos são
sensíveis às condições iniciais e que pequenas mudanças nessas condições podem
levar a efeitos nem sempre proporcionais às causas. Nos sistemas complexos,
como reporta Lewin (1994:23),
estímulos pequenos podem levar a conseqüências
dramáticas. Isso é freqüentemente caracterizado como o chamado efeito
borboleta: uma borboleta bate as asas na floresta amazônica, e põe em movimento
acontecimentos que levam a uma tempestade em Chicago. Na próxima vez que a
borboleta bate as asas, entretanto, não acontece nenhuma conseqüência
meteorológica.
A teoria do caos, como pode sugerir o nome, não é uma teoria da desordem.
Ao contrário, a teoria busca, no aparente acaso, uma ordem intrínseca
determinada por leis precisas. Além do clima, como nos lembra Corrêa (2002,
p.1), “outros processos aparentemente casuais apresentam certa ordem, como por
exemplo o quebrar das ondas do mar, crescimento populacional, arritmias
cardíacas, flutuação do mercado financeiro, etc...”
Da mesma forma que narrativas vêm
sendo utilizadas por diversas áreas do conhecimento, a teoria do caos tem feito
também um percurso interdisciplinar. Além da física, onde se originou a teoria,
podemos encontrar, com uma simples busca na Internet, estudos sobre a
complexidade em várias áreas do conhecimento: arte, matemática, astronomia,
biologia, educação; medicina, fisioterapia; economia; demografia, ciências
políticas, entre outras tantas.
Todos esses estudos contribuem para a compreensão de
que, em situações em que aparentemente há ordem, como, por exemplo, o movimento
de um pêndulo de relógio, um pouco de caos ainda subsiste. Uma das máximas da
teoria do caos é que há ordem na desordem e desordem na ordem. Tentar
compreender o comportamento aparentemente caótico como as pessoas aprendem uma
língua estrangeira poderá contribuir para descrever a aquisição como um sistema
complexo adaptativo – complexo pela dificuldade de descrição e adaptativo pela
capacidade de adaptação às diferentes condições que lhe são impostas pelo
ambiente. A passagem de falante de uma língua materna para falante de uma segunda língua, ou língua
estrangeira, é algo complexo que acontece entre a ordem total e
o caos, ou seja, a imprevisibilidade. O caos é a desorganização que precede
cada ordem, e no sistema complexo da aquisição, é o momento ótimo de
aprendizagem.
Como relatei no projeto anterior, financiado pelo
CNPq no período de fevereiro de 2003 a janeiro de 2005, foi Larsen-Freeman (1997) quem
primeiro tratou da aquisição à luz da teoria dos sistemas complexos ou teoria do caos. A autora (1997) apresenta evidências para comprovar
que há semelhanças entre a ciência do caos/complexidade e a aquisição de segunda
língua: a dinamicidade do processo de aprendizagem; sua complexidade; a não-linearidade; a sujeição a
atratores[10];
e a auto-organização da interlíngua[11]
que está em constante processo de reestruturação e se explica pela sensibilidade
do sistema ao feedback. Para
defender sua tese, a autora discute cinco exemplos: mecanismos de aquisição,
definição de aprendizagem, estabilidade e instabilidade da interlíngua,
sucessos diferenciados e o efeito da instrução.
Ao discutir os mecanismos de aquisição,
Larsen-Freman (1997, p.152-154) reconcilia Piaget (construtivismo) e Chomsky (inatismo), afirmando que “tanto
a criatividade individual quanto a interação social combinam-se para influenciar a moldagem da gramática em desenvolvimento”[12]. (p.154)
Vygotsky, bem antes do surgimento da
teoria dos sistemas complexos, na década de 20, já teorizava
que o pensamento verbal é uma entidade dinâmica e complexa e seu
desenvolvimento um percurso complexo, com múltiplas variações e “uma variedade infinita de movimentos
progressivos e regressivos, de caminhos que ainda desconhecemos”.
(Vygotsky,1987, p. 130).
Motivada pela teoria da complexidade, meu projeto em andamento
examina o fenômeno da autonomia[13] em diversos ambientes de aprendizagem,
especialmente, em ambiente on-line onde se espera maior autonomia dos
aprendizes e, mais detalhadamente, nas narrativas de aprendizagem. Já foi possível perceber que a autonomia é
um dos conceitos centrais na aprendizagem de línguas, mas definir autonomia não
é uma tarefa fácil, pois outros fatores precisam ser levados em conta, como as
restrições de contexto, por exemplo. Nos contextos formais de aprendizagem,
dificilmente, encontramos ambientes onde os alunos podem, efetivamente,
exercitar sua autonomia plena.
Para estudar a aquisição, pretendo
verificar se as características de um sistema complexo estão representadas nas
narrativas de aprendizagem. Os sistemas complexos são caracterizados por serem
compostos de muitos fatores, o que torna difícil a sua descrição. Eles são dinâmicos,
porque variam com o passar do tempo;
são não-lineares, porque
o efeito não é, necessariamente, proporcional à causa; são caóticos,
porque existem períodos irregulares e imprevisíveis, de total
aleatoriedade, não sendo possível prever, totalmente, ou determinar o que vai
acontecer com um determinado sistema em outro contexto semelhante. Os sistemas
complexos são também sensíveis às condições iniciais, visto que pequenas
mudanças nessas condições (início de uma experiência) podem gerar grandes
efeitos. Além disso, são sensíveis a feedback, já que o sistema
evolui e sofre influências de feedback. Esses sistemas são também abertos,
pois estão sujeitos a constantes reorganizações e não existe um ponto de
equilíbrio a ser alcançado. Como conseqüência, uma outra característica é a auto-organização,
uma propriedade emergente dos sistemas, a habilidade de criar novas estruturas.
Logo, os sistemas complexos são também adaptativos, pois evidenciam a
capacidade de aprender a mudar em reação às mudanças no ambiente, se
auto-organizando. Finalmente, os sistemas complexos são fractais, ou
seja, constituem um contínuo de formas auto-semelhantes em conexão. Segundo
Gleick (1989, p. 103), a abordagem fractal "abarca toda a estrutura em termos
das ramificações que a produzem, ramificações que se comportam de maneira
coerente, das grandes às pequenas escalas".
A pesquisa com narrativas é um
processo de coleta de informações através de relatos na primeira pessoa que
incluem experiências concretas, emoções e avaliações de forma a criar um
contexto complexo que pode contribuir para a percepção do pesquisador sobre o
fenômeno que está sendo investigado.
Clandinin e Connelly (1990, p.2) afirmam que “os
seres humanos são organismos produtores de histórias que individualmente ou
coletivamente têm suas vidas conduzidas por histórias. Assim, o estudo da
narrativa é o estudo da forma como os humanos experienciam o mundo”.[14] As narrativas são construções da realidade
em que seus produtores, de acordo com sua interpretação de experiências
desordenadas, tentam criar uma ordem ao construir sua história. Ao analisar as
narrativas, não teremos acesso direto a o que os narradores realmente viveram
ou vivem, mas sim às suas versões da realidade construída por sua subjetividade
através dos textos orais ou escritos e da interpretação (Riessman, 1993, p. 8).
Não
tenho a pretensão de achar que chegarei à verdade, mas acredito que alguns
indícios nessas narrativas poderão contribuir para a descrição, ainda que
parcialmente, da complexidade do fenômeno da aquisição.
Na
pesquisa com narrativas, como dizem Clandinin
e Connelly (1990, p.84), os textos são sempre interpretativos, pois foram escritos
por pessoas em um certo momento de suas vidas. Da mesma forma, nós, os
pesquisadores, escolhemos um foco de leitura desses textos e recontamos essas
histórias.
Farmer[15], citado por Waldrop
(1993, p. 318), afirma que a ciência é, essencialmente, um contar de
histórias que explicam como o mundo é, e como o mundo se
transformou no que é. Assim como as velhas explicações, tais como a criação de
mitos, lendas épicas, e contos de fadas, as histórias que a ciência nos
conta ajudam-nos a entender algo sobre
o que somos como seres humanos, e como é nossa relação com o universo.[16]
Farmer conclui seu raciocínio dizendo que agora
temos a história da complexidade. É dentro da “história” da complexidade que
pretendo analisar as histórias de aprendizagem.
A
metodologia de trabalho, aqui proposta, acrescentará ao método tradicional de
análise de narrativas o suporte epistemológico da teoria dos sistemas complexos
e de teorias de aquisição a serem selecionadas[17].
Clandinin e Connely (2000)
consideram as narrativas um espaço de pesquisa tridimensional, pois, através
delas, podemos estudar as dimensões (1) temporal, (2) espacial e (3) pessoal e
social. A essas categorias, considero produtivo acrescentar uma quarta
dimensão, a tecnológica, que compreende os artefatos culturais mediadores da
aprendizagem.
A dimensão temporal das narrativas
será estudada tendo como foco a continuidade de referências ao passado,
presente e futuro no nosso corpus de narrativas de aprendizagem (ver
http://www.veramenezes.com/amafale.htm). Essa dimensão será investigada através
de três perguntas:
(1)
Quando esses aprendizes iniciaram sua aprendizagem?
(2)
O que eles estão fazendo agora em relação à aprendizagem da LE?
(3)
Há evidência do que pretendem fazer no futuro em relação à aprendizagem da
LE?
Na dimensão espacial, pretendo verificar em que contexto(s) acontecem as
histórias de aprendizagem e como esses contextos são descritos. Em escolas
públicas? Particulares? Institutos de idioma? Contextos informais? Viagens?
Quanto à dimensão pessoal,
tentarei identificar nas histórias sentimentos, tais como medo, ansiedade,
expectativas, reações estéticas, etc., e sua relações consigo e com o outro.
Finalmente, na dimensão
tecnológica, pretendo fazer um levantamento dos tipos de artefatos culturais
presentes nessas narrativas, tais como o cinema, o rádio, a TV, revistas e
computador.
A metodologia proposta por
Clandinin e Connely (2000), acrescida da dimensão tecnológica, será fundamental
para se fazer um levantamento de fatores que constituem a complexidade do
sistema de aquisição de línguas. Esses dados serão, em seguida, submetidos a
duas análises. A primeira delas terá como parâmetro as teorias de aquisição
selecionadas e a segunda buscará identificar características típicas de um
sistema complexo: complexidade; dinamicidade; não-lineariedade; imprevisibilidade; sensibilidade às
condições iniciais; capacidade de auto-organização e de adaptação; e estrutura
fractal.
As narrativas coletadas
serão publicadas individualmente na página do projeto e serão também incluídas
em arquivos únicos, para a formação de corpora, separados por língua
estrangeira e por língua utilizada para a narração.
A pesquisa é de caráter
qualitativo, mas pretendo incluir alguns dados numéricos. Além da leitura das
narrativas, utilizarei o software Word Pilot para um estudo de corpora
que permitirá localizar e quantificar determinadas categorias em cada uma das
quatro dimensões. O software permite encontrar, no corpus selecionado,
ocorrências de qualquer termo assim como combinação de palavras em qualquer
documento. Dessa forma, poderei determinar, por exemplo, quantas menções são
feitas a escolas públicas ou a Institutos de Idioma e isolar esses e outros
dados para análise quantitativa e qualitativa.
RESULTADOS ESPERADOS
Ao
falar de língua materna, Bruner (2002, p. 67) afirma que “Aprender uma
língua, tomando emprestada a célebre frase de John Austin, é aprender a “como
fazer coisas com palavras”. A criança não está aprendendo simplesmente o que
dizer, mas como, onde, para quem e sob que circunstâncias.”
Parafraseando Bruner (2002,
p. 67), eu diria que uma língua estrangeira, assim como a materna, não é
adquirida, com o aprendiz no papel de expectador, mas através de seu uso.
A análise das narrativas
poderá revelar, assim, o que os aprendizes de LE, em nosso contexto, aprendem
(falam?, lêem? ouvem? escrevem?), como, onde e sob que circunstâncias? Ou seja,
a análise poderá revelar como o tempo, o espaço, o “eu” e o(s) outro(s) e a mediação tecnológica, entendida como
qualquer artefato cultural, configuram a experiência de aprendizagem.
Esperamos que a compreensão
dos diversos contextos nos quais se dá a aquisição de LE forneça subsídios ao
nosso grupo de pesquisadores, ao enriquecer nossas agendas de pesquisa com as
vozes de diversos aprendizes. Esperamos também fornecer aos professores,
especialmente àqueles que se dedicam à produção de material didático, pistas
sobre o tipo de input ou de situações interacionais mais propícias à
aquisição.
Espero
também que as reflexões de todos os pesquisadores envolvidos nesta empreitada
levantem questões importantes para, juntos, irmos montando os fractais que
compõem o sistema complexo da aquisição.
Ao
final do projeto, além de, pelo menos, três artigos, apresentações e
mini-cursos em eventos, com trabalhos em anais, individualmente e em conjunto
com meus orientandos e colegas do projeto, pretendo escrever um livro e
organizar um segundo.
No
primeiro livro, será apresentada uma revisão das teorias de aquisição com a
devida problematização sobre o contexto de língua estrangeira, pois as teorias
mais conhecidas foram desenvolvidas para o contexto de segunda língua. Em
língua inglesa, há vários livros nesse formato, tais como Gass e Selinker,
1994; Larsen-Freeman e Long, 1991; Ellis, 1985 e 1987; e McLaughlin, 1987, para
citar apenas alguns. No entanto, não há, em língua portuguesa, nenhum livro
abrangente sobre o assunto.
No
segundo livro, pretendo reunir as contribuições dos participantes do projeto de
modo a termos um panorama de todos os aspectos estudados nas narrativas pelos
pesquisadores do grupo e pelos alunos de iniciação científica, de mestrado e de
doutorado.
Ao
longo do projeto estima-se, ainda, a orientação anual de 8 pós-graduandos; a
defesa de 5 teses de doutorado e de duas dissertações de mestrado; 9 trabalhos
de iniciação científica; 2 monografias de bacharelado; e pelo menos 8
participações em bancas de mestrado e doutorado.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Ações/2005 |
mar. |
abr. |
mai |
jun. |
jul |
ago. |
set. |
out. |
nov. |
dez. |
jan. |
fev. |
Coleta
de narrativas |
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X |
X |
X |
X |
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X |
X |
X |
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Manutenção
da homepage do projeto |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Orientação
de bolsistas de Iniciação Científica e de mestrandos e doutorandos. |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Seleção
e revisão bibliográfica sobre os modelos de aquisição mais citados na
literatura. |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Revisão
bibliográfica sobre teoria do caos e de trabalhos sobre o tema na área de
aprendizagem e produção de um artigo. |
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X |
X |
X |
x |
Seminário
on-line sobre algumas teorias de aquisição |
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X |
X |
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X |
X |
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Ações/2006 |
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MM |
MM |
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MM |
MM |
MM |
MM |
Coleta
de narrativas |
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Manutenção
da homepage do projeto |
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X |
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Orientação
de bolsistas de Iniciação Científica e de mestrandos e doutorandos. |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
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X |
X |
X |
Revisão
do modelo fractal de aquisição de línguas e produção de 1 artigo. |
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X |
X |
X |
X |
Produção
de um livro contendo a revisão bibliográfica sobre os modelos de aquisição |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Ações/2007 |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
MM |
Coleta
de narrativas |
X |
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X |
Manutenção
da homepage do projeto |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Orientação de bolsistas de Iniciação Científica e de
mestrandos e doutorandos. |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Revisão
bibliográfica sobre pesquisas com narrativas de aprendizagem e produção de um
artigo. |
X |
X |
X |
X |
X |
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Seminário
on-line sobre a pesquisa com narrativas de aprendizagem |
X |
X |
X |
X |
X |
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Análise
de narrativas |
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X |
X |
X |
X |
X |
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Seminário
virtual sobre complexidade e aquisição |
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X |
X |
X |
X |
X |
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Organização
de um livro com a equipe do projeto |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
Redação
do relatório final |
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X |
X |
Além dessas atividades, os resultados serão
apresentados em eventos da área nas diversas instituições envolvidas no
projeto, e em eventos acadêmicos.
ORÇAMENTO
ITENS |
Valor estimado por ano |
Total em 3 anos |
Hospedagem de homepage |
300 |
900 |
Provedora de Internet |
960 |
2.880 |
Gravador digital |
600 |
600 |
Importação de livros |
2.000 |
6.000 |
Assinatura
de revistas e associações |
1.200 |
3.600 |
Papel |
240 |
720 |
Cartucho de impressora |
600 |
1.800 |
Disquete |
60 |
180 |
CD regravável |
30 |
90 |
Passagem aérea p/ eventos |
1.200 |
3.600 |
Diárias p/ eventos |
1.200 |
3.600 |
TOTAL |
8.390 |
23.970 |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ABMA,
T. Storytelling as inquiry in a mental hospital. Qualitative Health Research, v. 8, n. 6, p.
821-839, 1998.
BROWN, A. Narrative,
Politics and Legitimacy in an IT Implementation, Journal of Management
Studies, v. 35, n. 1, p. 35-59, 1998.
BRUNER, J. Atos de significação. 2ª ed.Trad.
Sandra Costa. São Paulo: Artmed, 2002.
CLANDININ, D; CONNELLY, J. Narrative
inquiry. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 2000.
CORRÊA,
R. W. Teoria do caos: introdução. 2002. Disponível em
[http://www.geocities.com/inthechaos/intro.htm]. Download em 02 de maio de
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________.
Second language acquisition. Oxford: Oxford University Press, 1997.
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GLEICK, J. Caos: a criação de
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2, n. 18, p.141-165, 1997.
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2004 (no prelo)
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MURPHEY, T. Publishing
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[http://www2.dokkyo.ac.jp/%7Eesemi029/pages/LanguageLearningHistories.htm]
Acesso em 05 de Janeiro de 2003.
MURPHEY, T. Motivating with Near Peer
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Disponível em [http://www2.dokkyo.ac.jp/%7Eesemi029/pages/nprm.html]. Acesso em
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V.L.M.O. Caleidoscópio:
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PAVLENKO,
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SCHAFER, R. Retelling a life: narrative and dialogue
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2000. p. 97-114.
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I. As estruturas narrativas. Trad. Leyla Perrone Moisés. São Paulo:
Perspectiva, 1979.
WALDROP, M.M. Complexity:
the emerging science at the edge of order and chaos. New York: Touchstone,
1993.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento
e linguagem.Trad. Jeferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
[1] Tradicionalmente, entende-se como segunda língua a
língua que se aprende em contextos onde essa língua é falada, e como língua
estrangeira, a língua que é aprendida em países onde se fala uma outra língua
diferente desta. Manterei essa dicotomia, apesar de estar consciente sobre a
polêmica em torno dessa terminologia.
[2] Uma versão preliminar do modelo pode ser lida em
português e em inglês, nos seguintes endereços da Internet: http://www.veramenezes.com/modelo.htm e
http://www.veramenezes. com/model.htm
[3] Minha tradução de “... expanded
views of the role of language in creating, and expressing identity, on both a
personal and social level; increased ability to identify optimal conditions for
both formal and informal language learning, including conditions that allow
individuals varied types of access and experience; and more explicit attention
to the social and material factors that affect access to language, in schools
and out.”
[4] http://www.veramenezes.com/modelo.htm
(versão em português)
http://www.veramenezes.com/model.htm (vesão em inglês)
[5] O projeto de Vicente Aguimar Parreiras, intitulado A sala de aula digital sob a perspectiva dos sistemas complexos: uma abordagem qualitativa foi contemplado com o prêmio PAPED de 2004, como um dos melhores projetos de pesquisa em educação à distância.
[6] Agradeço a colaboração de Tim Murphey por ter me
enviado por e-mail esse texto inédito.
[7] O termo comunidade imaginária é explicado por
Murphey da seguinte forma: “... usamos comunidades imaginadas para nos referir
à construção de “comunidades de prática às quais eles pertencem ou aspiram
pertencer”. (Minha tradução de “… we
use imagined communities to refer to this social construction of “communities of practice to which they
belong and to which they aspire”.)
[8] Esses dados serão devidamente quantificados no texto final da pesquisa sobre autonomia.
[9] O mito foi retirado do site Mitos on-line da Faculdade de Comunicação da UFBA. [http://www.facom.ufba.br/com112_2000_1/mitos/pag_interna01.htm]
[10] “Um atrator é
a combinação de dois pontos fixos (terminais), ou seja, uma área entre esses
dois pontos na qual um objeto se move em ciclos, e tudo mais acontece.“Minha
tradução de “An attractor is a
combination of two fixed points (ends), the area in between the two rised
points which an object moves in cycles, and everything else that happens.”
[http://library.thinkquest.org/3120/]
[11] O termo interlíngua foi cunhado por Selinker (1972) para explicar um estágio de aquisição intermediário entre a língua materna e a língua alvo.
[12] Minha tradução de “...both individual creativity and social
interaction combine to influence the shape of the developing grammar.”
[13] Esse projeto está previsto para ser concluído em
fevereiro de 2005.
[14] Minha tradução de
“Humans are storytelling organisms who individually and collectively lead
storied lives. Thus, the study of narrative is the study of the ways humans
experience the world.”
[15] Não há no livro referência específica a nenhum
trabalho de Farmer. Consta, no entanto, na bibliografia referência aos anais de
um congresso, que foram editados por Farmer e outros três editores: Farmer,
Doyne, Alan Lapedes, Norma Packard, and Burton Wendroff, eds. Evolution,
Games and Learning. Amsterdan: North-Holland (1986). [Reprinted from
Physica D 22D (1986) Nº 1-3] The proceedings of a conference sponsored by
Los Alamos’ Center for Nonlinear Studies. Includes one of the first
public discussions of Farmer, Kauffman, and Packard’s autocatalytic
origin-of-life model, as well as one of the firt presentations of Chris
Langton’s discovery of a phase transition in cellular automata.
[16] Minha tradução de “...stories that explain what
the world is like, nad how the world came to be as it is. And like older
explanations, such as creation myths, epic legends, and fairy tales, the
stories that science tells help us understand something about who we are as
human beings, and how we relate to the universe.”
[17] Faz parte do projeto, uma revisão de teorias de aquisição e uma seleção das teorias mais citadas na literatura que servirão de base para a análise.