Nome: Cíntia Cristina da Silva

Idade: 24

Tempo de Estudo da Língua: 10 anos

Narrativa coletada por Ana Paula Alves de Oliveira em abril de 2006

 

 

 

Eu comecei a estudar espanhol no ensino médio, primeiro ano,  fazia parte da grade da escola onde eu estudava (instituição de ensino mencionada aqui). E na verdade (...) não era das minhas matérias mais fortes não tá?... as minhas piores notas em termo de língua era em espanhol. Mas eu gostava muito, porque sempre achei uma língua muito bonita, junto com italiano, francês e tal e eu fui pela mais próxima então foi o espanhol.

Por que eu continuei estudando espanhol? Assim.... eu tinha que escolher qual faculdade que eu ia fazer, eu queria fazer serviço social mas eu não tinha grana e aqui (UFMG) não tem, aí eu escolhi o que tava mais próximo de mim, que mais a ver comigo então era letras... porque eu trabalhava em escola e tal, gostava de dar aula e gosto de literatura, gosto de ler essas coisas, então eu vim pra letras. Só que aí eu tinha que escolher uma habilitação: "_eu não vou escolher inglês porque inglês é muito cômodo pra mim." Porque eu já falava inglês fluentemente, (quando eu formei...porque agora eu não falo mais não. Destreinei tudo...perdi metade) aí eu falei "Então vou procurar um desafio, vou estudar espanhol". E foi assim que eu vim cair na faculdade de letras fazendo espanhol.

Eu não tenho muito claro pra mim quais são as minhas estratégias que eu uso pra aprender não... em termos de gramática eu procuro mais... entender o que dá pra ser entendido, e o que eu preciso decorar eu procuro fazer mais exercícios. Não é bem decorar né...tipo, gravar pra tá usando, então eu procuro fazer mais exercícios. Aí eu procuro na internet (...) porque tem uns bacanas, ou então eu peço o Cristiano e às vezes ele me dá algumas coisas, e faço os que aparecem na sala mesmo.

Como eu não tenho muito tempo porque eu trabalho, então nem sempre dá pra eu fazer todos os exercícios que eu gostaria de fazer a tempo de fazer uma prova ou alguma coisa assim...normalmente eu faço depois. Aí eu uso mais o que eu já tenho adquirido desses anos todos estudando espanhol.

Pra ouvir e pra escrever...pra ouvir mais é música...eu escuto muita música, antes, quando eu tinha tempo, eu assistia todas aquelas novelinhas mexicanas, eu assistia na tecla “sap”, então eu conseguia diferenciar (...) porque é diferente o tipo de fala do outro,sabe... uma novela por exemplo, que é mexicana, uma novela que é colombiana, uma novela que é argentina, é totalmente diferente o jeito deles de falar. Então eu fui pegando ouvido com essas coisas, com as músicas e com essas novelas. E no dia-a-dia, assistindo aula, com os professores que falam né? Agora quanto a escrever, eu acho que escrever é ler...até pra português, escrever é ler... se você lê você escreve. Então eu procuro ler muita coisa em espanhol. Por exemplo, se eu tenho um texto de uma matéria, mesmo que ela não tenha nada a ver com o espanhol, (igual quando eu tava fazendo “contos judaicos”) tem um monte que tá em espanhol. Eu pegava os textos em espanhol, em vez de pegar em português. Então, procurando ler mais coisas em espanhol eu fui melhorando escrever. Agora pra falar, essa é minha maior dificuldade, porque eu fico preocupando com falar certinho do mesmo jeito que eu escrevo, aí você sabe que isso não funciona na hora de falar né...aí eu me perco um pouco. E junto, tem que eu sou meio tímida, pode não parecer, mas eu sou. Então eu fico com vergonha, eu fico com medo de errar, principalmente se eu to conversando com o professor. E desde o episódio que eu te contei principalmente... piorou consideravelmente, eu tenho muito mais medo de falar agora... 

_Que episódio? 

_Quando (nome professor(a))  falou que eu não sabia falar espanhol. (...) num teste, exame oral do espanhol IV. E eu acho que é por causa dele(a) que eu peguei exame especial. Ele(a) me deu uma nota assim...mais do que baixa, e até àquela ocasião eu não me achava tão ruim assim em espanhol, nunca achei que eu era tão ruim assim, eu até falava numa boa, arriscava, conversava. Aí ele(a) falou tanto na minha cabeça esse dia, que isso tava errado, que aquilo tava errado e no final de toda aquela análise negativa ele(a) virou pra mim e falou assim, que resumindo, eu não falava espanhol. Principalmente pra estar no IV, que se fosse olhar isso eu não deveria estar no IV. Aí eu travei um pouco mais e ainda fiquei com mais vergonha ainda do que eu tinha antes. Mesmo depois conversando com o Cristiano e Ana Lúcia, e eles me falando que não tinha nada a ver, que eles achavam que eu falava direitinho, claro... que tinha coisa pra corrigir e é normal, que se não tivesse nada pra corrigir não fazia sentido eu estar aqui. Mesmo assim, tem hora que ainda vem isso muito claro e eu falo assim “gente...o que é que eu faço? Será que eu to falando certo? Será que eu to falando errado?” aí eu vou e desisto de falar.