Nome: Júnia Braga
Idade:  43 anos
Escolaridade: Superior Completo.  
Língua Inglesa.
Narrativa coletada por Rafaela Gonzaga em agosto/2004
Narrativa transcrita por Lindiane Ismênia Costa Vieira.

 
 
  
  - O tempo que durou a minha aprendizagem. É... a minha aprendizagem, básico, avançado, a fluência, o quê que você quer dizer com isso?

 

- Quando você começou a estudar Inglês até quando você parou?

 

  - Tá, no meu caso, a minha aprendizagem eu fui intercambista, é... Então, eu aprendi Inglês fora do Brasil primeiro. Eu não tinha feito nenhum tipo de curso aqui antes. Quando eu fui eu tirei zero no exame que eu fiz para saber qual que era o meu nível de Inglês para eles. Eu detestava Inglês, eu odiava, mas eu fui por outras razões, eu não fui para aprender Inglês porque eu não gostava. Então eu fui...Então, depois de um ano eu já tinha uma proficiência muito boa. Principalmente na minha parte de fala. A minha fala era uma fala boa. Eu acho que...Quando eu voltei para o Brasil e aí que eu voltei eu fui fazer a faculdade de letras e tudo, então eu percebi que tinha vários ajustisinhos que eu tinha que fazer em relação à gramática, em relação a estrutura da língua, vocabulário e tudo mais. Porque não é? A parte de fala, influencia está em uma coisa bem mais, vamos dizer, é... desenvolvida do que...Que eu conclui na época. Agora uma das coisas que... É... Eu, quando eu morei nos Estados Unidos, e eu cheguei lá, eu tive dormi dois meses. Durante dois meses eu dormi porque eu não falava nada e não sabia comunicar com ninguém. Então, eu fiquei muito apavorada como é que eu ia fazer porque eu realmente só pensava em falar “yes” E aí, eu me lembro muito bem da minha amiga americana um dia, ela falou com todo mundo para me dar um soco no nariz para ver se eu aprendia a falar “no”. Porque, realmente, tudo que ela falava eu só falava yes, yes, yes... e aí ela falava assim: “Ah, deixa eu te dar um soco” e aí eu: “no  Então o quê que eu fiz: eu fui para a High School de manhã e na parte da noite eu pedi que eu fosse para uma escola. Então como que eu fiz esse pedido: na minha escola eu tinha uma pessoa que conversava em Espanhol: ela conversava em Espanhol e eu conversava em português, conversando com essa pessoa, eu falava assim: “ah, como é que eu vou fazer, eu preciso e tal, como que eu vou comunicar e tal. Então, essa moça era da escola noturna eu fui para uma escola noturna Então durante esse ano todo eu fui para a escola noturna. Quando eu fui para a escola noturna, cada um de um país, então eu tinha a aula durante o dia e... aí eu comecei a ficar muito empolgada porque a final e contas eu estava começando a comunicar e tal. Aí tinha uma coisa que eu fazia e que eu adorava fazer e é uma das coisas que eu me lembro com muito carinho porque eu precisava tanto de aprender a falar que eu ia para o ponto de ônibus entendeu, e sentava lá. Então as pessoas que sentava do meu lado começavam assim:” Excuse-me, are you a foreigner exchange from Brazil?”E começava a puxar conversa. Tinha gente que perdia o ônibus para conversar comigo. Tinha gente que pegava o primeiro ônibus, e eu tinha certeza que não era aquele que eles iriam tomar. Só pra ficarem livres de min. O mais interessante é que as pessoas onde que eu morei que pegavam o ônibus, geralmente nos Estados Unidos, pelo menos as pessoas onde eu morei, as pessoas que pegam ônibus são pessoas que não tem muita condição financeira ou que...ou emocional, ou mental para poder dirigir, não é? Então, eu conversava com gente assim que...tinha tomado a carteira dessa pessoa, e então não podia dirigir porque tomou a carteira por alta velocidade, e tal, tinha um descontrole interno de dirigir...O outro não podia, porque mentalmente não dava conta de tirar carteira. Então esse era público. Era o público e eu. Então eu desenvolvi. Eu desenvolvi demais. Então quando eu já estava com seis meses, eu já estava com uma fluência muito boa. Mas também eu ficava no ponto de ônibus diariamente pelo  menos uma hora e meia. Sentava um e saia, sentava o outro e eu no mesmo ponto de ônibus, entendeu? Sentava um, saia o outro, e eu no mesmo ponto de ônibus. Então essa é uma das coisas. Uma outra coisa que... então assim sempre procurava fazer e falar as mesmas coisas que eu tinha aprendido. Então, por exemplo, se eu aprendia uma coisa é...no ponto do ônibus, então eu tentava usar aquilo que eu aprendi no ponto do ônibus com a minha irmã americana que tinha 11 anos, sabe? Tentava usar aquilo outra vez. Então uma das coisas, que eu acho que foi uma estratégia e sempre foi realmente é cutucar um para falar, e realmente, foi uma coisa que aconteceu em toda a minha vida, entendeu? Em termos assim de criar oportunidades de fala, é uma coisa que realmente marca e...eu aprendendo alguma coisa nessas oportunidade tentar usar e repeti. Muitas vezes eu me via fazendo, provocando, uma situação que eu pudesse usar aquilo, entendeu? Como se testando se aquilo ali eu  realmente podia usar daquela maneira, e tudo. Então, não está certo, vamos dizer, em termos de fala, de eu consegui um produto interessante em termos de fala aconteceu no prazo do primeiro ano mesmo. Até o final do primeiro ano eu tinha uma boa fluência e dava conta de muita coisa. Agora eu sempre fui uma pessoa de procurar recursos fora e recursos de sala de aula. Bom, uma das coisas que eu lembro muito é...tem algum por exemplo, tem algum lugar que vai falar Inglês, seja uma conferência um seminário ou se tem alguma pessoa de fora, é uma oportunidade que eu busco. Ela não acontece pra mim, eu não vou. Muitas vezes eu sei que eu tenho em algum lugar para poder ouvir ou para poder falar, para poder participar, interagir socialmente alguma coisa que vai ter ganho pra mim em termos de manutenção de Inglês, aprimoramento e essas coisas todas, não é? Isso é um a coisa que eu faço isso até hoje. Então é isso. E uma das coisas que sempre me chamou muita atenção é a parte da sonoridade da língua. Então é uma coisa assim que é... que eu acho que tem muito a ver. Gosto muito da sonoridade da língua e eu gosto muito da parte de fala. Então, vamos supor, todas as vezes que eu tentei memorizar alguma coisa estava muito relacionado com a parte sonora da língua. Então, mesmo, vamos dizer assim para eu memorizar verbos irregulares eu agrupei os verbos irregulares, de repente, pelo som. Entendeu? Então assim com isso eu sempre aprendi muito com a parte sonora. Então, é música que eu sempre gostei de ficar ouvindo, cantando... e cantando em uma situação assim de tentar aproximar mesmo com aquela pronúncia. Repetindo aquele fato de uma maneira mais interessante do que ficar repetindo, não é? E desde de quando eu voltei eu me forcei a sempre que eu assistisse um filme a não ler a legenda, então eu não leio a legenda. Se eu vou ao cinema eu olho um pouquinho pra cima. Eu acostumei a olhar um pouquinho pra cima. Então eu vejo só a parte sem interferência do que está escrito ali traduzido. Então eu sempre fui ao cinema assistir... Na época eu também assistia T.V a cabo. Porque na época T.V a cabo era uma coisa nova e tudo. Então eu sempre tento isso. A parte de busca, vamos dizer assim, eu nunca fui muito de ficar procurando ... Eu não sei se funcionava assim. Eu sempre quis aprender o vocabulário funcional. Sempre uma coisa muito funcional. Eu nunca fui... Eu não tenho um vocabulário muito elaborado. É óbvio que ele é, de alguma maneira, elaborado, mas pra mim, existem pessoas que tem um vocabulário mais elaborado que o meu. Mas em compensação o que eu quis pra mim, a minha escolha, foi um Inglês mais instantâneo. Então sempre, buscando, por exemplo, usar situações, frases, falar coisas assim bem do coloquial, sem ser pra uma coisa dirigível. Então eu sempre fui muito assim. Então com isso... Onde que eu fui encontrar isso? Na conivência, em palestras, em assistir situação e de cinema ou então de T.V a cabo que me desse esse tipo de... Não é? E mesmo na parte de leitura, na parte de vocabulário, eu sempre procurei ler coisa, por exemplo, perto de teatro. Ou então, se eu escolho um livro, eu escolho um livro que tenha muito diálogo não é? Porque é o que eu gosto. Eu gosto de ver como as pessoas se comunicam mais naturalmente ou mais elaboradamente, seja o que for. Então eu faço as minhas escolhas, e então, sempre dentro desse contexto. Então, eu sempre trabalhei muito assim, procurei muito ler revista em quadrinho...entendeu? Essas coisas mais corriqueiras, mais...Sabe? E a parte também de escutar em geral. Qualquer tipo de situação eu realmente saio pra isso acontecer, sabe? Dicionário, muito. Sempre leio dicionário. Uma das coisas que eu fiz, por exemplo, que eu usei muito também. Dicionário com foto. È uma coisa que me ajuda muito, mas principalmente as coisas mais contextualizadas porque é uma coisa que pra mim faz muita diferença, me ajuda muito. Contextualizado que eu estou falando é assim...é...dicionários ou situações que eu consiga ver, por exemplo, em uma loja: aí eu vejo; a loja, o vendedor, as roupas... tudo assim; em um contexto de loja. E não aquela coisa: vocabulário por ordem alfabética, mas tudo contextualizado. Mesmo que não seja, vamos dizer, um contexto muito rico que eu esteja vivendo, mas um contexto que seja um contexto pequeno que esteja contextualizado ali. Dicionários de gravura, eu sempre procurei muito, muito mesmo. Eu...é... eu tenho um dicionário especial que não vem pela entrada de ordem alfabética, mas é um dicionário por tema. Então, se eu estou querendo saber sobre política então, eu encontro tudo. sobre política, de gerenciadora, à tudo; os verbos...etc. Esse é um dicionário que é meu dicionário assim,... de criado mudo. Então, sempre olhar como aquilo funciona num contexto. Então eu guardo muito mais isso. Isso é uma coisa que eu preciso. Realmente tentar juntar o vocabulário dentro de um contexto. É... o quê mais?!... é...revistas. É uma coisa que eu sempre gostei também. Revistas, mesmo. Não gosto de nada técnico, gosto de coisa bem... é ...revistas que não têm muita consistência em termos de eu ficar pensando mentalmente, elaborando e tal ...

 

- Tipo revista feminina?

 

- É... essas revistas, tipo Cosmopolitan sabe? Essas coisas bem assim, não são? Aí, nessas revistas, sempre as coisas vêm assim muito assim em temas, não é? Por exemplo, assim...”Como estar fashion para o verão”. Aí, de repente, vem todas as roupinhas para o verão. Isso tudo para mim é uma coisa muito importante; como que as coisas vão se casando em um contexto. Então eu consigo muito, nesse sentido, contextualizar o vocabulário, e também ler muitos livros, músicas e, principalmente, a parte de comunicação social no mundo. Então, realmente para mim é o que mais... é a cultura do movimento de se estar aonde se fala Inglês naquele momento. Basicamente isso.