Nome: Robert Verberkmoes

País de origem: Estados Unidos

Idade: 38anos

Tempo de aprendizagem de Português: 1 ano e meio

Narrativa coletada por Fernanda Sousa Carvalho em 19 de outubro de 2004



 

Meu nome é Robert, tenho 38 anos, e estou estudando português faz um ano e meio agora. Pra falar a verdade, eu não estudo muito português, de maneira a pegar um livro e estudar. Eu devo fazer isso, mas eu não... Realmente, eu tenho muitos compromissos, eu trabalho e tudo mais, então eu não tenho... Eu até tenho tempo, mas eu não faço. Aí então eu acho que o que eu aprendi até agora de português é na aula mesmo, falando com as pessoas no dia a dia, e através da televisão, da convivência com a língua. E é agora que eu tenho um pouco mais de facilidade com a língua. Eu estou lendo muito. Que eu acho, realmente, que eu poderia estudar gramática, poderia estudar conjugação de verbo, concordância, pronome, preposições e tudo mais,  mas o que realmente vai, vamos dizer, gravar a língua na sua cabeça é através de ler a língua, eu acho , pra mim pessoalmente.

- Que tipo de coisa você lê, que tipo de leitura?

A minha área é mais pra belas artes, então eu gosto muito da música brasileira. Então, eu estou lendo, por exemplo, agora, um livro sobre a Tropicália, na época de fim dos anos sessenta e início dos anos setenta. E eu li vários. Esse mês passado, precisamos ler um livro de Betinho, que eu acho muito interessante, porque fala de BH, fala de Minas Gerais, e tudo mais. Eu assisto quase ..., tem um canal que passa filmes brasileiros, documentários, curta metragens, e quase todos eu assisto muito na televisão. Como por exemplo, um filme sobre as favelas. São Paulo, por exemplo; tem pessoas que falam português de um jeito totalmente diferente do que aqui, por exemplo, o que é interessante. Assistindo o jornal nacional, essas coisas. Mas, eu acho muito mais... Tem tempo que eu estou aqui, de convivência com a língua, porque você acaba errando muitas coisas e,  assim, depois você pode ficar falando a mesma coisa durante seis meses, e um dia alguém vai falar com você: “Olha, não é assim que fala”. Você vai ouvir alguém falando uma coisa que você sabe que é errado, o tempo inteiro, sem perceber e depois a ficha cai: “não é assim que fala”. Então, eu acho muito mais convivência com língua... Mas pra aprender... Eu sou professor de inglês, então eu posso ver o outro lado, das pessoas que estão aprendendo uma língua sem contato com ela. É uma coisa bem diferente, é preciso muito mais dedicação. Realmente, por isso que eu falo que eu não pego os livros  de gramática e tudo mais, porque eu não precisei até agora, porque a convivência dia a dia com a língua ajuda nisso. Assim, se o ..., como que eu vou falar...Estudando uma língua, por exemplo, eu estudei francês, nos Estados unidos, e era outra história, totalmente.  Aí, eu estava estudando direto três horas por dia, toda aula ralando pra aprender a língua, depois eu fui pra França. Mas, mesmo assim, o que eu aprendi do francês, realmente, aprender a língua  foi lá na França. Você pode chegar até um certo ponto de fluência e tudo mais, você podia entender a gramática e todas essas coisas, mas pra realmente desenvolver o lado da fluência oral e de ouvir a língua, entender como que é usada, e tudo mais, eu acho que você precisa morar no lugar que fala essa língua.