Nome: Elizabeth Alejandra Rubinstein

Idade: 35 anos

Escolaridade: superior incompleto – Letras (Licenciatura em Português)

Tempo de aprendizagem de português: 4 anos

País de origem: Argentina

Narrativa coletada por Fernanda Sousa Carvalho em  10 de novembro de 2004



 

 

- Seu nome?

Elizabeth ... inteiro?... Elizabeth Alejandra Rubinstein.

- Sua idade?

Trinta e cinco anos.

- O seu país de origem?

Argentina.

- Qual é a sua escolaridade?

Eu fiz segundo grau, né? Ensino médio ... na Argentina, completo e agora estou estudando faculdade.

- Letras?

Letras. Português.

- Há quanto tempo você estuda português?

Eu tenho quatro anos aqui no Brasil, e eu estudei dois meses na Argentina antes de vir para aqui. Mas duas horas por semana é pouco tempo, né? Então, quando vim aqui, não sabia nada, assim, não entendia nada, o que estavam falando, nem nada. Então para mim foi começar do zero, mesmo. E na faculdade, estou ... é o meu terceiro período, tem um ano e meio, já.

- Por que você começou a estudar português?

Eu adoro português. Eu gosto muito. Eu gosto de línguas, mas eu não conhecia, nunca tive contato com português até eu vir aqui, nem imaginei que eu iria ter. E ... então eu sempre quis estudar inglês e sei lá o que, mas quando vim aqui e comecei a ter contato, contato mesmo com língua, adorei. Eu gosto muito, muito. E eu ... que eu ... agora que eu estou começando a dar aulas ... dou aulas de espanhol, né, mas para pessoas daqui de Belo Horizonte, do Brasil. Então eu gostaria de, como professora de português, sabe, fazer as pessoas gostarem de português mesmo. Porque eu vejo que não gostam, falam que é difícil, que não sabem, seu lá o que. E eu acho lindo, eu gosto muito, muito.

- E como tem sido a sua aprendizagem de português?

Bom, quando cheguei aqui eu tive aulas particulares que a empresa do ... onde meu marido trabalhava mandava a professora em casa, para mim e para o meu filho. Aí foram, não lembro, três, quatro meses, todo dia, a professora todo dia. Mas eu acho que a gente aprende mesmo saindo na rua, indo no supermercado, falando errado, escutando, prestando atenção. Eu acho que não ... só em casa, estudando assim, não adianta, não. Tem que sair e ... entrar na faculdade foi ótimo. Internet é bom, bate-papo, né, é muito bom. É ... tem que ter cuidado, porque no ... na sala de bate-papo é outra língua, né, também. Então você aprende mais ... à vezes aprende coisas, gírias mesmo. Mas eu acho que foi bom, também. Como as pessoas sabiam que eu era estrangeira, então elas me ajudavam. Foi meu primeiro passo, assim, na escrita mesmo do português. E aqui na faculdade, né. Aqui tentando mesmo saber por que, a gramática, e tudo isso.

- E como era estudar português na Argentina?

Foi uma experiência meio assim, bem básica, né. Porque o meu professor era um argentino que sabia português porque ele trabalhava para a Varig, lá em Buenos Aires. Então, o português dele era assim, de contato mesmo com as pessoas, mais básico. Então ... eu teria que encontrar com ele de novo, agora que estou falando, assim, mais português, para ver mesmo como ele está falando, [como ele fala] , né. Mas não foi um professor que estudou em alguma universidade ou alguma coisa assim, não. Foi mais, foi uma experiência mesmo, de vida, de estar em contato com outras pessoas que falam português. Então, não sei se foi um grande avanço para mim, não. Não sobrou tempo, né.

- Para estudar português aqui no Brasil  você tem feito algum tipo de coisa em casa, com livro, gramática?

Com livro, sim, com o livro que a professora tinha, que trazia, que ela levou para casa para gente estudar, e gramática, não. Eu ... hoje foi meu primeiro contato com gramática do português mesmo, assim, gramática livro, né. Porque aqui a gente estuda, vê em algum material, mas uma gramática inteira, assim... E eu assistia muito, muita televisão, né, jornal, músicas. A Argentina escuta muita música brasileira, então, inconscientemente eu acho que ... Caetano Veloso, Gal Costa, a gente escuta muito. Se bem não entende, mas, pelo menos, né, já escuta o idioma, já conhece. Então foi só isso mesmo, né. Os livros que a professora ... português para estrangeiros, né. Português do Brasil para estrangeiros, muito assim, direcionado para o que a gente precisava.