Nome: Míriam Corrêa Codognotto 
Idade: 33 anos
Escolaridade: último período em Licenciatura Língua Espanhola 
Tempo de aprendizagem: 3 anos e meio
Narrativa coletada por Rafaela Oliveira em março/2004


Minha história de aprendizagem da língua espanhola é recente e se baseia basicamente no âmbito da FALE. Sempre tive interesse quando mais jovem, mas não corri atrás e não tive incentivos, tampouco condições financeiras de fazer um curso de idiomas na adolescência. Além disso, há 18 anos atrás não existiam tantos cursos como atualmente, principalmente com relação ao espanhol. Por isso, estudava inglês sozinha, através do material didático usado na escola e, às vezes organizava grupos de estudos para tirar dúvidas de meus colegas e para estudar para as provas. Mas, quando comecei a faculdade, decidi no antigo básico que, quando voltasse da licença maternidade, optaria pela língua espanhola. No 2o período me matriculei no espanhol I e tive que correr, aliás, corro até hoje, atrás do prejuízo e busquei estudar e me dedicar o máximo que pude, apesar da professora não ser como é a equipe de espanhol da FALE (a reclamação foi geral e essa professora substituta nunca mais voltou; foi o único semestre ministrado por ela).
Tenho que reconhecer que foi bem difícil e no espanhol II não me dediquei tanto para compensar o que não aprendi no I. Então, foram dois semestres perdidos, mas acordei a tempo e no esp. III e IV tive muitas dificuldades, principalmente com relação à pronúncia e aos verbos. Mas, quando fiz Panorama e Metodologia, pode-se dizer que 'amadureci' bastante e depois com as Literaturas (cinco) e outras disciplinas, o gosto pela língua foi crescendo e me dediquei, me empenhei. Estou longe de ser uma 'expert', tenho muito que aprender e todos os dias, todos os momentos aprendo mais e mais. O ensino em si é um aprendizado e nas experiências que tive, seja no estágio ou nas salas de aula (práticas, didáticas, metodologia, redação e conversação, etc.) foram momentos para que eu pudesse me auto-avaliar e ver o quanto preciso estudar-aprender-ensinar-aprender e assim por diante.
Tenho dificuldades para memorizar verbos, principalmente o imperativo. Por isso, crio 'regrinhas', truques para não esquecer. Um exemplo, que não tem a ver com verbos, mas que me ajudou a superar uma dificuldade que tinha no começo do curso com relação aos dias da semana: como nunca gostei de 'decoreba' e não conseguia decorá-los, criei uma maneira para não confundi-los. Dividi por etapas: sábado e domingo, tranqüilíssimo, o problema era com 'el martes' e ' el miércoles' e com 'el jueves' e 'el viernes'. Como a letra 'L' vem 1o. que a 'M', memorizei o seguinte: lunes, martes, miercóles. Em seguida 'J' vem antes de 'V': jueves e viernes. Hoje parece ser bobo, ser uma coisa ridícula, mas no espanhol 1 e para uma pessoa que não conhecia nada da LE, tive que organizar estratégias para não ficar parada chorando pelo leite derramado. Outra coisa que me lembro agora e que serviu para ajudar uma colega na semana passada: nós temos o mesmo dicionário e nele não tem o verbete maracujá. Quando estávamos fazendo a prática na FAE, ministramos uma oficina sobre receitas. Fizemos uma 'macedônia' com os colegas como se os mesmos fossem crianças de 10-12 anos. Foi divertido ver que toda a turma assimilou o que queríamos que fizessem. Alguém perguntou como era maracujá em espanhol, pois colocamos o suco dessa fruta na 'macedônia'. Eu havia levado um papel de bandeja do Mac Donald's em que fala muitas palavras em espanhol e nesse papel tem a figura do maracujá e embaixo escrito 'pasionaria'. Naquele dia eu disse que não me esqueceria, pois sei que o nome científico do maracujá é parecido com pasionaria e que ele é conhecido como o fruto da paixão. Foi outra maneira que encontrei para memorizar e não esqueci mais. Prova disso foi que minha colega perguntou para mim e mais uns três colegas do espanhol que estavam juntos e eu logo respondi.
São estratégias que uso para assimilar e não sei se para todos dá certo. Mas tenho certeza que não sou a única a usar esta arma quando encontra alguma dificuldade ou então quando a palavra é pouco usada e podemos esquecê-la, como o exemplo do maracujá.
Na minha opinião, o que me ajudou e continua ajudando a assimilar a LE são as leituras e a fala pois, só depois que li muito no idioma da L-alvo e me soltei mais em público, como nas várias apresentações em sala de aula, é que tive melhores resultados. Já perdi oportunidades de receber nativos em minha casa por vergonha. Arrependo-me dessa oportunidade não aproveitada. Estou aprendendo também que ninguém é perfeito, todos nós temos limitações e que não posso ter medo de falar, pois a única prejudicada nessa história serei eu mesma. Por isso, atualmente falo com menos receio e solto a língua!
Isso não quer dizer que ignoro as outras destrezas - audição e escrita - pelo contrário, sou favorável ao uso das quatro. Inclusive, tive a oportunidade de fazer parte de um grupo que trabalhou com traduções de filmes em espanhol para uma mostra que acontecerá em maio aqui em BH. Tivemos que fazer a transcrição e depois a tradução. A experiência foi ótima e como a minha compreensão audivitiva melhorou! Apesar de ter sido um pouco difícil, não me arrependo pois, a experiência só veio a acrescentar.