PAIVA, V.L.M.O. O papel da educação a distância na política de ensino de línguas. In: MENDES et ali (Orgs) Revisitações: edição comemorativa: 30 anos da Faculdade de Letras/UFMG. Belo Horizonte: UFMG/FALE, 1999.P.41-57

O PAPEL DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA POLÍTICA DE ENSINO DE LÍNGUAS

Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva

Entendo educação a distância (EAD) como um processo educativo que envolve meios de comunicação capazes de ultrapassar os limites de tempo e espaço e tornar acessível a interação com as fontes de informação e/ou com o sistema educacional de forma a promover a autonomia do aprendiz através de estudo independente e flexível.

Essa modalidade de ensino/aprendizagem não é nova e sua origem remonta ao século XIX na Inglaterra, quando Sir Isaac Pittman ofereceu o primeiro curso de taquigrafia por correspondência em 1840. Para Loyolla & Prates (http://www.puccamp.br/~prates/edmc. html), a primeira experiência em educação a distância aconteceu no ano de 1881 quando William Rainey Harper, primeiro reitor e fundador da Universidade de Chicago, ofereceu, com absoluto sucesso, um curso de Hebreu por correspondência. Eles acrescentam que

em 1889 o Queen’s College do Canadá deu início a uma série de cursos à distância, sempre registrando grande procura pelos mesmos devido, principalmente, a seu baixo custo e às grandes distâncias que separam os centros urbanos daquele país.

Vários cursos usando materiais impressos foram criados ao redor do mundo e algumas universidades na Europa e nos Estados Unidos , ainda no século XIX, passam a conceder certificados a alunos que aprendiam por correspondência. Esse modelo constitui a primeira fase de EAD. No Brasil, uma das experiências mais relevantes foi a criação do Instituto Universal Brasileiro que vem atuando desde 1941 e que já profissionalizou cerca de 3.400.000 pessoas.

Considero como segunda fase da EAD o ensino veiculado por transmissões radiofônicas que, no Brasil, se inicia em 1923 com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Uma das experiências de educação pelo rádio que merece destaque é o MEB (Movimento de Educação de Base) que alfabetizou milhares de jovens e adultos. O projeto foi desmantelado pela ditadura, pois sua articulação com as classes populares incomodava ao governo.

A terceira fase, nas décadas de 60 e 70, reúne material impresso, áudio e vídeo. Merece menção a TV Educativa do Maranhão que, desde 1969, transmite programas de ensino de 5ª a 8ª série do ensino fundamental com suporte de material impresso e, atualmente, a Fundação Roberto Marinho com os programas de televisão e material impresso, disponível em bancas de jornais, que preparam milhares de pessoas para os exames supletivos. Nesta fase, temos as transmissões de programas educativos por TVs comerciais, a cabo e por satélite além de tele e vídeo-conferência.

Áudio, vídeo, meio impresso, programas de computadores e CD-ROMS caraterizam uma quarta fase na história da EAD com a geração de vários tutoriais dirigidos a aprendizes autônomos.

Iniciando com o modelo por correspondência, passando pelo rádio, pelo modelo multimídia e de tele-ensino, chegamos à aprendizagem flexível, ou a quinta fase de EAD, com a chegada da Internet nos anos 90. A Internet introduz novas relações metodológicas nos processos educativos com a possibilidade de interação. As atividades a distância deixam de se restringir a projetos especiais e, a partir de 1995, quando o acesso é aberto ao público em geral, proliferam os cursos utilizando recursos do correio eletrônico e da WWW. Vale lembrar que o meio impresso continua sendo um precioso meio auxiliar e, provavelmente, não perderá sua importância.

As novas tecnologias aprimoram dia a dia as artes gráficas e a interatividade, tornando a educação a distância uma pedagogia estimulante e democratizante, pois amplia o acesso ao conhecimento que deixa de ser propriedade do professor.

A UFMG que possuía pouquíssima experiência em EAD, começa agora a sistematizar suas iniciativas, estimulada pelas novas tecnologias e pelo reconhecimento dessa modalidade de ensino na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada em 1996. Demonstrações de apoio a EAD vem sendo dada pela atual administração com a criação da Assessoria de Educação a Distância e com a aprovação da Resolução do CEPE de 10 de dezembro de 1998, que dentre outros instrumentos de flexibilização do ensino na graduação, confere às disciplinas oferecidas a distância o mesmo status das presenciais.

É impossível falar em educação hoje sem falar em educação a distância. Com os avanços tecnológicos que propiciam maior interatividade, a EAD ganha novo status e sepulta definitivamente os preconceitos. Deixa de ser apenas uma alternativa para as pessoas impedidas de ter acesso a educação formal e passa a ser uma modalidade de ensino flexível que vem acrescentar ao sistema tradicional uma metodologia inovadora e de qualidade, além de viabilizar a educação continuada para maiores contigentes de pessoas. Mudam-se os papéis: o aluno deixa de ser um receptor passivo e torna-se responsável por sua aprendizagem com direito de trabalhar em ritmo individualizado sem perder, no entanto, a possibilidade de interação com seus pares e com o professor. O professor deixa de ser o dono do saber e o controlador da aprendizagem para ser um orientador que estimula a curiosidade, o debate e a interação com os outros participantes do processo. O conhecimento passa a ser construído socialmente e assume o papel central no processo da aprendizagem.

A Internet e os recursos que ela disponibiliza são dados novos que devem ser levados em conta na implementação de uma política educacional. No contexto de aprendizagem de línguas estrangeiras, um dos maiores problemas para o desenvolvimento da comunicação era a ausência de contato com o falantes nativos e de oportunidades reais de interação. Se a ausência era uma limitação ao desenvolvimento de algumas habilidades, as oportunidades que a Internet traz ao aprendiz passa a ser um novo problema enfrentado pela educação. Um dos desafios é como fazer chegar essa tecnologia a todos. Os outros são como lidar com o volume de informações que se multiplicam ao infinito em face das combinações hipertextuais e como gerenciar o acesso indiscriminado a inúmeros falantes nativos estranhos ao contexto escolar.

O primeiro desafio começa a ser enfrentado pelo MEC, através de sua Secretaria de Educação a Distância, com o projeto PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação) que pretende colocar 100 mil computadores em escolas públicas de primeiro e segundo graus para uso pedagógico. Apesar das controvérsias geradas pelo projeto, professores do Brasil inteiro estão sendo mobilizados em torno de 27 programas estaduais para introduzir a nova tecnologia na escola pública e tirá-la da idade média. São 1000 professores multiplicadores que vão capacitar outros 25 000 para trabalhar na sala de aula onde será privilegiada a rede internet. Os profissionais envolvidos no projeto tem um chat para colocar suas dúvidas, sugestões e idéias.

Segundo dados encontrados na homepage do projeto (http://www.proinfo.gov.br/ prf_descricao.htm), o programa é uma iniciativa para

Introduzir a tecnologia de informática na rede pública de ensino. A proposta da informática educativa é uma forma de aproximar a cultura escolar dos avanços que a sociedade já vem desfrutando com a utilização das redes técnicas de armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações.

Serão investidos R$ 48 milhões, sendo que R$ 220 milhões serão destinados ao treinamento e capacitação de professores e técnicos de suporte à informática educativa. Os objetivos do PROINFO são:

Melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

Possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação e adequação das novas tecnologias de informação pelas escolas.

Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico.

Educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida.

As novas tecnologias da informação precisam ser aproveitadas pela educação para preparar o novo cidadão, aquele que deverá colaborar na criação de um novo modelo de sociedade, em que os recursos tecnológicos sejam utilizados como auxiliares no processo de evolução humana

É preciso diminuir a lacuna existente entre a cultura escolar e o mundo ao seu redor, aproximar a escola da vida, expandindo-a em direção `a comunidade e tornando-a facilitadora das interações ente os atores humanos, biológicos e técnicos. Esse novo meio ecológico é composto pelas mentes humanas e as redes técnicas de armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações.

(http://www.proinfo.gov.br/prf_descricao.htm)

O PROINFO não é a primeira iniciativa na área de informática. No período de 1980-1995, o PRONINFE (Programa Nacional de Informática na Educação) apoiou a criação de centros e subcentros para desenvolvimento de informática educativa no sistema público de ensino em todos os graus. Foram implantados 44 centros de informática, a maioria interligada na Internet; 400 subcentros por iniciativa de governos estaduais e municipais, sendo 87 no Rio Grande do Sul; e 400 laboratórios de informática educativa em escolas públicas, financiados por governos estaduais e municipais; e mais de 10.000 profissionais para trabalhar em informática educativa no país, incluindo um número razoável de pesquisadores com cursos de mestrado e doutorado.

O segundo desafio, o excesso de informação e o acesso indiscriminado ao mundo exterior é de responsabilidade dos educadores. Alberto Oliva (1998) afirma que

As tecnologias da informação deixam hoje a impressão de que é inexorável a marcha para o mundo unificado. E isso pode vir a propiciar um crescente intercâmbio entre diferentes culturas e visões de mundo. A busca de uma maior integração entre os povos nada terá de pernicioso se as diversidades coletivas e pessoais forem preservadas

É espantoso o crescimento da Internet. O número de usuários da Internet no Brasil cresce na taxa de 50% ao ano. O Brasil, em dados de 1997, é o terceiro usuário das Américas. O primeiro é o Estados Unidos e o segundo o Canadá. Éramos, em 1997, o 19º no mundo, mas já podemos ser o 15º. A revista VEJA de 29 de julho de 1998 reproduziu dados do National Center for Policy Analysis, mostrando uma comparação entre algumas invenções em termos do tempo que elas levaram para serem utilizadas por mais de 50 milhões de pessoas. Vejamos os dados:

INVENÇÃO

DATA DA INVENÇÃO

Anos para atingir mais de 50 milhões de pessoas

Eletricidade

1873

46

Telefone

1876

35

Automóvel

1886

55

Rádio

1906

22

Televisão

1926

26

Forno de Microondas

1953

30

Computador Pessoal

1975

16

Celular

1983

13

Internet

1993

4

A rapidez com que as pessoas passam a ter acesso à Internet é um dado promissor. É fato que ainda há escolas no país sem energia elétrica, mas a maioria já está equipada com televisão e vídeo cassete e podemos prever que, no futuro próximo, a Internet estará definitivamente enraizada no sistema educacional.

A rede mundial de computadores possibilita uma série de recursos que podem ser usados desde a escola fundamental até a universidade: o correio eletrônico, a World Wide Web, mecanismos de busca de informação, as listas de discussão, salas de chat, recursos em áudio e vídeo, os periódicos eletrônicos, acesso a bancos de dados e bibliotecas, transferência de arquivos, video-conferência, jogos, etc. Vejamos algumas possibilidades desses recursos.

Com o correio eletrônico (email), o professor pode colocar seus alunos em contato com o mundo, inserindo em seu currículo atividades de interação intercultural. Há uma séries de projetos internacionais que colocam aprendizes em contato com falantes nativos ou mesmo com outros aprendizes de diversas línguas estrangeiras. A possibilidade de uso da Internet no ensino de línguas pode acontecer até mesmo nas escolas onde não há uma boa infra-estrutura de rede e que não podem dar acesso individualizado a todos os alunos. Há vários serviços gratuitos de correio eletrônico (http:\\www.yahoo.com, http:\\www.hotmail.com, http:\\www.rocketmail.com, dentre outros). De posse de uma senha de um desses fornecedores de e-mail gratuito qualquer pessoa pode ter acesso ao correio eletrônico, desde que haja um terminal ligado a Internet disponível. Apesar de haver uma boa rede de informática na Faculdade de Letras da UFMG, inúmeros alunos vem se valendo de email gratuito para interagir nas diversas línguas que ali se ensinam, utilizando não só os laboratórios da instituição como também terminais em seus locais de trabalho. Abaixo segue uma lista de sites onde conseguir correspondentes na Internet.

http://www.iecc.org
http://www.epals.com
http://www2.waikato.ac.nz/education/WeNET/key/khome.html
http://www.otan.dni.us/webfarm/emailproject/email.htm http://www.ling.lancs.ac.uk/staff/visitors/kenji/keypal.htm http://www.pacificnet.net/~sperling/student.html    http://its-online.com/index.html                          http://www.hut.fi/~rvilmi/Project/
http://www.hut.fi/~rvilmi/autumn93/global.html
http://www.nyu.edu/pages/hess/cities.html
http://www.nyu.edu/pages/hess/docs/students.html
http://www.wfi.fr/est/scitech.html
http://darkwing.uoregon.edu/~leslieob/index.html http://www.tesol.net/penpalpostings.html

A World Wide Web, rede mundial de informações, coloca `a disposição do usuário informações em texto e hipertexto, gráficos, som, imagem, vídeo, e bancos de dados sobre os mais variados assuntos. É possível, por exemplo, ler jornais e revistas antes que eles cheguem às bancas e esse acesso a material autêntico abre novas perspectivas para o professor de línguas estrangeiras que não fica mais dependente de importação de material. Os textos publicados na Rede Mundial de Computadores constituem um imenso corpus e tem sido usado por professores e estudantes como se fosse um dicionário de concordância ou de uso da língua.

Aprendizes também podem publicar na WEB e um bom exemplo de projeto para publicação de trabalhos de alunos é o EXCHANGE (http://deil.lang.uiuc.edu/ExChange). EXCHANGE é uma revista eletrônica para publicação de textos em inglês produzidos por falantes não nativos, na World Wide Web. O projeto é patrocinado pela Universidade de Illinois. Ao mesmo tempo que propicia aos aprendizes de inglês de se engajarem em atividades autênticas, EXCHANGE dá oportunidade às pessoas de aprender sobre diversas culturas através da troca de opiniões e idéias, promove o respeito e a compreensão sobre as diversidades culturais.

Os objetivos de EXCHANGE são (1) dar oportunidade para que falantes não nativos se expressem em língua inglesa e (2) criar fonte de conhecimento e insight sobre diferentes culturas. Para atingir estes objetivos são publicados textos de falantes não nativos. A normas de publicação determinam que os autores não podem ser nativos e os textos não devem exceder a 2.000 palavras.

No momento, EXCHANGE se divide nas seguintes seções: Livro de Receitas Culinárias onde as pessoas contribuem com receitas e descobrem o que as pessoas em outras partes do mundo comem. Culturas Mundiais com contribuições individuais sobre aspectos específicos de suas culturas - cerimônias, rituais, feriados e tradições. Histórias - contos, poemas e outros textos criativos. Correspondentes (penpals ou keypals) onde os aprendizes trocam experiências com pessoas de diferentes partes do mundo. Projetos para desenvolvimento de trabalhos colaborativos.

Existem inúmeros sites oferecendo recursos didáticos para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Além de textos, jogos e exercícios com chaves de respostas, há arquivos com som, imagem e vídeo, auxiliando o desenvolvimento de habilidades escritas e orais.

Um bom exemplo é o site Volterre-Fr (http://www.wfi.fr/volterre/). A página é gerenciada por Linda Thalman (thalman@wfi.fr ) e oferece interação por email, projetos na Internet e uma série de links sobre ensino e aprendizagem de inglês e de francês. Além disto o site anuncia eventos no mundo inteiro.

Outro bom exemplo é o ESL Café (http://www.eslcafe.com). Neste site, podem ser encontrados links interessantes, notícias, anúncios, testes (sobre ciências; cultura mundial; expressões idiomáticas e gírias; geografia; gramátia; história; leitura; pontuação); endereços eletrônicos de alunos e professores de inglês, lista de discussão, chat, fóruns de discussão (lingüística aplicada, avaliação, inglês comercial, etc), dicas, livro de receitas, gírias, citações, phrasal verbs (lista, definições e exemplos), expressões idiomáticas e até uma lista de empregos para professores de inglês.

Há também diversos dicionários disponíveis na rede. No endereço http://www. facstaff.bucknell.edu/rbeard/diction.html encontramos o Web of On-lineDictionaries onde estão registrados mais de mil dicionários em 200 línguas diferentes. Outros endereços de dicionários são:

Onelook dictionaries ( http://onelook.com)

Hypertext Webster Interface ( http://c.gps.cs.cm.edu:5103/prog.webster )

Newlingo Intenet Language Dictionary ( http://www.netlingo.com/ )

The Online Slang Dictionary ( http://www.umr.edu/~wrader/slang.html )

Os MECANISMOS DE BUSCA permitem localizar informações de forma extremamente rápida através de palavras chaves. O excesso de informações sobre um mesmo assunto torna quase que impossível à consulta a todos os arquivos localizados sobre um mesmo tópico. Os mecanismos estão sendo aprimorados para auxiliar o usuário na seleção das informações. Já existem instrumentos que permitem refinar a busca de forma a reduzir o número de informações. Assim, ao se procurar por um determinado tópico, a ferramenta apresenta campos semânticos por onde estão distribuídos os documentos e o usuário pode refinar sua pesquisa, selecionando apenas os campos de seu interesses.

Na minha opinião, o melhor mecanismo de busca é a família Miner (http://miner.uol.com.br/), ferramenta desenvolvida no Departamento de Ciência da Computação da UFMG. O Miner faz a pesquisa congregando os vários mecanismos de busca e possibilitando selecionar interesses específicos: informações, documentos na Internet, pessoas, livros (compara preços), CDs, informações sobre turismo, receitas, produtos de informática, jogos, jurisprudência, informações sobre Java e até "o que as pessoas estão procurando".

As LISTAS DE DISCUSSÃO são excelentes recursos de formação continuada. Esses fóruns reúnem pessoas com interesses semelhantes para troca de informações, materiais e experiências e possuem regras próprias (netiquetas) que devem ser seguidas por todos membros. A lista TESL-L, por exemplo, até o final de 1998, reunia 24.636 professores de inglês como língua estrangeira em 140 países.

O projeto TESL-L, coordenado por Anthea Tillyer, foi criada em maio de 1999 com a finalidade de fornecer a educadores um fórum de discussão que tivesse como foco o inglês como segunda língua e como língua estrangeira. Essa iniciativa pioneira na área de ensino de inglês recebeu o apoio financeiro do Governo Americano e da City University de New York que forneceu computadores e pessoal.

Para se inscrever na lista, deve-se enviar uma mensagem para LISTSERV@CUNYVM.CUNY.EDU com o seguinte texto:

sub TESL-L nome sobrenome

A lista atualmente é moderada, isto é, propaganda e mensagens irrelevantes não são enviadas para todos os integrantes. Foram criadas sub-listas para possibilitar que pessoas com interesses especiais pudessem discutir determinados tópico sem necessidade de enviar as mensagens para toda a lista. Apenas os membros da lista-mãe podem se filiar na sub-listas. São elas:

ESLCA-L - Technology, Computers, and TESL

TESLFF-L - Fluency First and Whole Language Approaches

TESLIE-L - Intensive English Programs, teaching and administration

TESLJB-L - Jobs, employment, and working conditions in TESL/TEFL

TESLMW-L - Materials Writers

TESP-L - English for Specific Purposes

Como a maioria dos membros da lista eram professores de ensino superior, fato atribuído à maior experiência daqueles docentes e ao acesso à Internet nas universidades, foi criada, em janeiro de 1999, a TESLK-12. O objetivo é fomentar a discussão entre professores que trabalham com crianças e que têm interesses pedagógicos específicos. Para se inscrever na TESLK-12, basta enviar uma mensagem para LISTSERV@CUNYVM.CUNY.EDU com o seguinte texto:

sub TESLK-12 nome sobrenome

O CHAT tem sido um recurso muito utilizado por aprendizes de LE. As salas de chat exercem um grande poder de atração em adolescentes e adultos que passam horas e horas conversando com pessoas que nunca viram e, muitas vezes, simulando outras identidades. Há vários sites como, por exemplo, http://chatter.uol.com.br/batepapo que oferecem espaço para "conversa" em várias línguas estrangeiras. Em alguns desses sites, as salas são organizadas em níveis de proficiência do idioma, permitindo que aprendizes pouco proficientes possam interagir com seus pares ou com pessoa mais proficientes que se dispõem a colaborar com principiantes. O espaço da Internet é um local de muita generosidade e muitas nativos têm colaborado, interagindo com aprendizes de várias partes do mundo. Alguns endereços onde se pode interagir em inglês são:

http://schmooze.hunter.cuny.edu:8888/

http://www.tribal.com/

http://www.worldvillage.com/wv/chat/html/chat.htm

http://chat1.zaz.com.br/chat/

Vários projetos educativos são encontrados na WWW, possibilitando uma abordagem de educação global. Segundo Rasmussen (1998: 1),

Professores e alunos ao redor do mundo foram contaminados pelo vírus da educação global, mas não estão reclamando. Ao contrário, eles estão aprendendo sobre si mesmos, suas comunidades e suas culturas - e como estas se conectam com outros povos, outras comunidades, e culturas ao redor do mundo através da história. (...) começando com o foco no estudante e em sua comunidade, e então fazer conexões com o resto do mundo, é uma forma efetiva de ajudar os jovens a aprender sobre o mundo e sobre seus papéis no mundo.

Um dos projetos educativos mais conhecido no Brasil é o Kidlink, uma lista educacional que surgiu em 1990 na Noruega e está presente em 105 países do mundo. O grupo pretende produzir um ambiente motivador de aprendizagem, para crianças de 10 a 15 anos, que interagiriam com outras pela Internet (Pedrosa, 1998: 56). Segundo Marisa Lucena (1996:88), coordenadora do projeto no Brasil:

Qualquer criança pode ser membro e utilizar os serviços da Kidlink. Para tal basta responder a quatro perguntas iniciais, requisitos para sua inscrição: "Quem sou? O que quero ser quando crescer? Como eu gostaria que o mundo fosse? O que eu poso fazer atualmente para que isto aconteça?". Depois disto, é só se engajar em algum projeto de longa ou curta duração lançados pelos professores e coordenadores nas listas Kidproj ou Kidforum, respectivamente, ou simplesmente "bater papo"descompromissado com alguns companheiros de outra cultura ou sociedade

O projeto funciona através do esforço e coordenação de membros voluntários, espalhados pelos 5 continentes. As crianças podem se comunicar em várias línguas e desenvolvem aprendizagem cooperativa a distância, editam jornais, discutem temas variados, dão informações, tiram dúvidas. Os objetivos do projeto no Brasil são:

Proporcionar espaço e oportunidade para que jovens brasileiros de classe social menos favorecida tenham acesso democrático à Internet e à Kidlink.

Desmistificar o conceito elitista em torna da utilização da Internet.

Prestar serviço educacional e sociocultural à sociedade brasileira.

Um dos subprojetos "Uma casa de Portas Abertas" beneficia crianças que não dispõem de computadores em casa ou na escola. A primeira Khouse foi aberta no Rio de Janeiro em março de 1996, a segunda em Pernambuco em agosto de 96 e a terceira também no Rio de Janeiro, em agosto de 1996. Segundo Marisa Lucena , a Kidlink House abriu um espaço pioneiro para um novo paradigma da educação - alfabetização para a sociedade da informação - tão necessário para a formação do cidadão contemporâneo. É a Internet que vai às ruas, democratizando a Educação.

Outro projeto que merece destaque é o Globalearn (http://www.globalearn.org), um programa educacional on-line que promove a interação de estudantes com expedições planejadas de grupos de 5 viajantes adultos que encontram pessoas ao longo de seus roteiros e descobrem informações sobre as riquezas de cada comunidade que visitam. O ponto de partida são entrevistas com as crianças das comunidades visitadas para levantamento da história, tradições, indústrias e recursos físicos. Usando computadores laptop , gravadores e câmaras digitais, os viajantes enviam, diariamente, os dados e imagens que são disponibilizados na homepage do projeto. As escolas podem participar gratuitamente e o projeto serve a várias disciplinas. Os professores que se inscrevem no projeto têm acesso a áreas de discussão, materiais, guia do professor, ferramentas e recursos úteis, além do endereço eletrônico de todos os professores participantes do projeto. Há também workshops periódicos para professores.

Professores de escolas onde ainda não há Internet servem de intermediários entre seus alunos e projetos de ensino na rede - enviam as mensagens de seus alunos e imprimem as respostas para retransmiti-las. Pinto (1998:7) relata experiência que desenvolveu em uma escola pública do município de Contagem, usando material do projeto Globalearn . Como nem a escola e nem os alunos tinham acesso à rede, ela imprimiu algumas páginas com os relatos de viagem. Diz ela:

As soon as my students heard about this program, they all began choosing places about which they would like to study. They read some of those pages and identified similarities and differences between communities, discussing their reactions to those people´s lives. They presented their findings to each other and to the rest of the school in panels, using both Portuguese and English.

By the end of the project, one of the students managed to publish her own page at the site with pictures of herself, her family, her classmates, and, most important, a written text.

A Professora era a única a ter acesso ao computador e teve, portanto, que digitar todo o trabalho da aluna e scanear as fotos. O resultado final pode ser visto no seguinte endereço:

http://www.globalearn.com/expeditions/sae/classroom/gallery/projects/kellyprofile/index.html

As bibliotecas digitalizadas já são recursos disponíveis para toda a população. Um exemplo é dado pelo MCT/CNPq através do projeto Prossiga (http:/www.prossiga.br) que reúne várias bibliotecas virtuais divididas por temas (Estudos Culturais, Energia, Ótica, etc). É possível encontrar vários sites com livros digitalizados dos autores mais representativos das diversas línguas, como no site Virtual Bookstore - Literatura Nacional e Internacional na WEB (http://www.vbookstore.com.br/)

Em breve, partiremos da biblioteca digital para a virtual, sistema que reproduz a realidade, por exemplo, simulando a entrada do usuário e retirada do um livro da estante. A biblioteca virtual, além do acervo tradicional (livros, índices, períódicos e obras de referência - dicionários, enciclopédias), contém dados numéricos (corpora), imagens, sons, textos codificados, dados especiais como, por exemplo, lâminas com milhares de pedacinhos de um cadáver dissecado.

Com o impulso da Internet, outros avanços tecnológicos já chegaram ou estão a caminho. Entre eles destacamos:

A telefonia via internet, uma tecnologia em desenvolvimento que permite a realização de chamadas internacionais através da Rede a um custo baixíssimo com aplicações de vídeo e voz e integração de dados, voz e vídeo.

Programas como I-phone (interação em tempo real por voz e vídeo).

O ICQ, programa que

"permite enviar mensagens em tempo real, localizar usuários, identificar se a pessoa procurada está conectada, fazer transferências de arquivos e iniciar chats com dois ou mais participantes. Tudo isso a partir de uma interface bastante intuitiva e por meio de comandos do tipo clique-execute".

Ferramentas de conferência interativa, como o NetMeeting, que realiza reuniões pela Internet - os participantes conversam, compartilham arquivos, desenham gráficos juntos e usam um mesmo quadro de comunicações. Se houver câmaras de vídeo e microfones instalados, as reuniões podem ser face a face em tempo real.

Programas para vídeoconferência com recursos de som e vídeo como é o caso do ClassPoint que permite a interação entre os alunos como se estivessem na sala de aula. Em redes de 56bps, os alunos (ou participantes de uma reunião) poderão ouvir o mesmo som e ver as imagens simultaneamente.(Vianna, 1998:62)

Softwares para montagem de cursos e produção de aulas virtuais. Merece destaque o AulaNet, desenvolvido pela PUC-Rio. No site (http://ead.les.inf.puc-rio.br/aulanet/) encontramos a descrição da ferramenta:

O AulaNet é um ambiente para a criação e manutenção de cursos baseados na Web projetados para um público leigo. Os objetivos do AulaNet são a adoção da web como um ambiente educacional; a criação de uma transição viável da sala de aula convencional para a sala de aula virtual, oferecendo a oportunidade de se reusar o material educacional existente; e a criação de comunidades de conhecimento.

Comparando o AulaNet a outros ambientes de educação baseados na Web, podemos fazer uma clara distinção. Enquanto a maioria destes sistemas enfatiza os aspectos de courseware - apresentação de material didático através do computador - o AulaNet enfatiza os aspectos de learningware, que combina as características do courseware com as várias formas de interação (interação entre aprendizes e a interação aprendiz/instrutor).

( http://ead.les.inf.puc-rio.br/aulanet/ )

Além do AulaNet, existem outros softwares para produção e gerenciamento de cursos na Internet como o Virtual-U ( http://virtual-u.cs.sfu.ca ), Learning Space ( http://198.114.68.60/ ), TopClass  (http://www.wbtsystem.com.topclass ), First Class ( http://softarc.com ) e o Web-CT ( http://homebrew1.cs.ubc.ca/webct/ ). Como lembram LeLoup & Ponterio (1997:2)

cabe ao professor integrar todas as ferramentas dentro do currículo de uma forma significativa. As tecnologias emergentes colocam claramente ao nosso alcance as culturas e a comunicação nas línguas alvo assim como a informação de como usar os recursos. O professor criativo e intrépido se aventurará nesse mundo virtual, achará recursos autênticos, e os usará para transformar a sala de aula de segunda língua em um lugar maravilhoso para se aprender.

É importante alertar que para que toda a potencialidade da tecnologia seja utilizada em prol da melhoria da educação, não basta apenas o empenho dos professores. Há necessidade de suporte técnico e treinamento no uso adequado do equipamento. A falta de gerentes de rede e agentes de informática nas escolas tem sido um grande empecilho para a apropriação efetiva da nova tecnologia. Outro problema a ser evitado é a ociosidade dos equipamentos com concentração do uso apenas em determinados horários. Miller (1996:1996) acredita que a escola é o último dos bastiões da universalidade. Segundo ele, equipar as escolas com tecnologia de comunicação avançada - e assegurar que os equipamentos estarão disponíveis para toda a comunidades nas horas vagas - é um dos melhores métodos para assegurar o acesso a todos. Ele lembra que a aprendizagem continuada ao longo de toda a vida, que é o que os bons professores fazem, é importante para a cidadania e faz com que estejamos abertos a novas idéias. Para Miller, os avanços da super infovia de informação devem ser apropriados por todo o sistema educacional.

A utilização da tecnologia na aprendizagem é um instrumento eficaz para desenvolver o trabalho cooperativo, o aprender a aprender, a habilidade de tomar decisões, de processar e criar conhecimento. A tecnologia permite aprender, vivenciando e experimentando. As novas tecnologias com seu alto potencial de motivação e concentração têm o poder de estimular o desenvolvimento da criatividade e de habilidades intelectuais tais como o raciocínio, a capacidade de resolver problemas, e de desenvolver a autonomia. O estímulo à descoberta e o espaço para as diferenças e os interesses individuais contribuem para a geração de um aprendiz não só mais autônomo, mascom maior responsabilidade e controle sobre sua aprendizagem. A integração de dados, imagens e sons; a universalização e o rápido acesso à informação; e a possibilidade de comunicação autêntica reduzem barreiras de espaço e de tempo e criam um contexto mais propício à aprendizagem de língua estrangeiras.

Essa ampliação de oportunidades de interação amplia não só o universo do aluno, mas também do professor, que não está mais isolado em sua sala de aula. Através da Internet, ele ou ela pode interagir com colegas no mundo inteiro, trocar experiências, pedir auxílio e continuar a se formar através da troca de experiências com colegas de profissão.

A preparação de professores de LE, atualmente, não pode prescindir da "alfabetização tecnológica", ferramenta de sobrevivência profissional no mundo atual. Essa ferramenta lhes dará condição de mudar o paradigma da educação de transmissão para a construção cooperativa do conhecimento.

Está posto, pois, um desafio fascinante para a área de ensino de línguas estrangeiras. Cabe a nós não apenas utilizar a tecnologia e ampliar as possibilidades de interação para os nossos aprendizes, mas também realizar pesquisas sobre as implicações da nova tecnologia na aquisição de outros idiomas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRACEWELL, R. & LAFERRIÈRE, T. The contribution of new technologies to learning and teaching in elementary and secondary schools. (Documentary Review). August 1st 1996.

LeLOUP, Jean W. & PONTERIO, Robert. Internet tecnologies for authentic languageLearning experiences. (ERIC Document Reproduction Service no. EDO-FL-98-02), December, 1997.

LOYOLLA, Waldomiro & Prates, Maurício. Educação a distância mediada por computador (EDMC) ( http://www.puccamp.br/~prates/edmc.html )

LUCENA, Marisa. Crianças "caem" nas malhas da rede. Internet World. N.9, maio,1996.p.88-90

MILLER, Steven E. Beyond the classroom. Educom Review. May/June 1996. ( http://educom.,edu/web/pubs/refiew/reviewArticles/31313.html )

PEDROSA, Monica Miglio. Escolas sem Fronteira. Internet Business. Ano 1., n. 7, março,1998, p.56-62.

PINTO, Denise S. GlobaLearn at a public school: an experience. APLIEMGE Newsletter. v.3, n.4, December, 1998. p. 7

RASMUSSE, Karen.Curriculum Update. Association for supervision and curriculum Development. Summer 1998. p. 1-8

VIANNA, Paulo. Olho no Olho. Internet Business. Ano 1., n.12. agosto de 1998. p.61-4

VOLTAR