A Importância da Autonomia no Aprendizado de Língua Estrangeira para Alunos de Cursos Livres

Elisa Lioe Teh Huew 

INTRODUÇÃO

           

            A questão do que é autonomia e como ela pode ser identificada na aprendizagem de línguas é muito difícil de ser definida, uma vez que inúmeros autores e estudiosos do assunto tendem a ter visões distintas sobre a questão. Isso sem falar que a discussão acerca da autonomia na aprendizagem de línguas levanta outros aspectos tais como o papel do professor e do aluno, o material didático, a cultura, a metodologia adotada nos cursos de línguas, dentre outros.

            Porém, uma coisa é certa, a autonomia é um elemento muito importante não só na aprendizagem de línguas, mas em qualquer forma de aprendizagem. O tempo que o aluno passa na sala de aula é muito pouco, sendo necessário que ele aproveite melhor o tempo fora da escola. Com isso, a partir do momento em que o aluno se torna autônomo, ele é capaz de dar continuidade ao seu estudo de forma eficiente, fora da sala de aula, sem o constante auxílio do professor.

             

1. O aluno autônomo

 

            A maioria dos autores concorda com a definição de aprendiz autônomo como sendo aquele aluno que possui a habilidade de controlar seu próprio aprendizado, e de se responsabilizar por todas as decisões em relação a todos os aspectos do seu aprendizado, tais como determinar os objetivos a serem alcançados, definir o conteúdo, avaliar como está se saindo, dentre outros. O aluno autônomo sabe quais são as suas preferências, sua capacidade e habilidade, e tem consciência de seus limites. Para Dickinson (1995), alunos autônomos se tornam mais motivados, e com isso, a autonomia contribui para um trabalho mais eficiente. Ele ainda cita Knowles (1975), que diz que há evidencias convincentes que pessoas que tomam a iniciativa para aprender – os chamados alunos pró-ativos – aprendem mais coisas e melhor que pessoas que se sentam em frente do professor, esperando passivamente para serem ensinados (alunos reativos).

            Segundo Boud[1], o objetivo primordial da educação é desenvolver nos indivíduos a habilidade de tomar suas próprias decisões sobre o que eles pensam e executá-la. Outros argumentam que o comportamento central da autonomia é dar a oportunidade aos alunos de negociar a tarefas em relação ao nível de dificuldade, interesse, organização e procedimentos.

            Kenny (1993) afirma que, geralmente, a visão do que seja autonomia está diretamente ligada à tomada de decisão. Porém, para ele, o papel da autonomia na educação é algo mais do que simplesmente a habilidade de ser responsável. A autonomia também está ligada à escolha, e à idéia de crescimento do aluno.

            Campbell (1994, p.6) diz que, para que os alunos se tornem autônomos, é necessário que eles tenham a oportunidade de se exporem e de arriscar, pois mesmo se o resultado for falho, ao menos os alunos podem aprender com a experiência, e com isso, descobrir novos meios de se tornarem autônomos. Já Johnson et. al. (1998, p.11) defendem a idéia de que o professor deve permitir que os alunos façam suas próprias escolhas, mesmo se essas não forem boas, porque através do erro, o aluno aprende como “administrar” seu próprio aprendizado, e a tomar suas próprias decisões. Concordo que o aluno aprende muito com os erros, porém, se o professor estiver por perto, e notar que a decisão a ser tomada pelo aluno não é boa, não vejo motivo por que o professor não deva aconselhar o aluno a optar por uma outra escolha, evitando que ele cometa um erro, que muitas vezes é desnecessário.

            Já Crabbe (1993, p.443) enumera três argumentos para justificar o aumento da atenção dada à autonomia e a aprendizagem de línguas. Esses argumentos são: ideológico, psicológico e econômico. De acordo com o argumento ideológico, o individuo tem o direito de ser livre para exercer suas próprias escolhas durante o processo de aprendizado, e com isso, evitar se tornar uma vítima das escolhas feitas por outros. Segundo o argumento psicológico, as pessoas aprendem melhor quando estão no controle de seu próprio aprendizado, uma vez que isso também aumenta a motivação, e na maior parte das vezes, um aluno motivado é um aluno de sucesso. E por fim, de acordo com o argumento econômico, a sociedade não possui recursos suficientes para prover um nível pessoal de instrução necessária para todos os indivíduos em todas as áreas de ensino. Sendo assim, as pessoas devem ser capazes de prover os recursos necessários para o seu próprio aprendizado, caso elas desejem adquirir conhecimento ou habilidades, individualmente ou em grupo.

            Esses argumentos parecem ter a sua lógica em se tratando da autonomia. Digo isso porque o argumento psicológico, por exemplo, que é o que mais atrai os educadores, leva em conta o fato de que a aprendizagem é influenciada por inúmeras variáveis, não podendo ser garantido somente pelo estabelecimento de tarefas na sala de aula.

            Uma outra questão discutida por Crabbe é o domínio público e o domínio privado, uma vez que a aprendizagem não ocorre somente dentro da sala de aula. Sendo assim, é importante que os alunos desenvolvam a sua autonomia de forma a poder continuar o processo de aquisição de uma nova língua em um ambiente que não seja a escola.

            Seis diferenças e implicações na promoção da autonomia podem ser observadas nesse sentido: (1) no domínio publico, as atividades são iniciadas pelo professor para atender as necessidades comuns a todos, já no domínio privado, as tarefas são iniciadas pelo aluno, que possui necessidades especificas; (2) no domínio publico, a prática oral é feita com outros alunos e com o professor, já no domínio privado, o aluno pratica sozinho na maior parte do tempo; (3) no domínio publico, grande parte das atividades se concentra no conteúdo, e nem sempre o professor ensina ao aluno a lidar com dificuldades que podem surgir, já no domínio privado, a atenção do aluno se volta para essas dificuldades; (4) no domínio público, grande parte das decisões relativas às atividades são feitas por outra pessoa que não o próprio aluno, já no domínio privado, as decisões precisam ser tomadas pelo aluno; (5) nas atividades desenvolvidas no domínio público, o professor provê um retorno (feedback) em relação à performance do aluno, mesmo sem o pedido do aluno, já no domínio privado, os alunos sentem a necessidade de procurar por retornos e respostas específicas; (6) no domínio público, os textos presentes nas atividades são pré-selecionados e editados pelos professores, de modo que se tornam uma parte da atividade, além de estarem de acordo com o nível de dificuldade dos alunos, já no domínio privado, o aluno precisa, freqüentemente, trabalhar com textos que ainda não foram previamente editados para desenvolver a atividade. Sendo assim, é necessário que ele saiba tirar o máximo de proveito do texto, ou seja, consiga utilizá-lo da melhor forma possível, independente do tamanho ou do nível de dificuldade e complexidade do texto.

            Por sua vez, Phil Benson e Peter Voller (1997) chamam a atenção para a diferença entre autonomia e independência, que segundo eles, são vistas como sendo palavras-chaves do pensamento liberal ocidental do século XX. Para eles, autonomia e independência não são simples totens cuja evocação pode produzir, automaticamente, melhores aprendizes de línguas, ou melhores pessoas como resultado do aprendizado de línguas. Isso sem falar que há diferentes versões de autonomia e independência, e diferentes modos de implementá-los. Especificamente na educação, autonomia e independência são associados com a formação do individuo como o centro de uma sociedade democrática.

            Diante da complexidade da aquisição de uma língua, autonomia e independência emergiram como palavras-chaves para abordagens mais flexíveis de ensino e aprendizagem. Os dois termos estão também ligados ao crescimento do papel da tecnologia na educação.

            Ainda segundo Benson e Voller, autonomia e independência em aprendizagem de línguas são sustentadas por três tendências relacionadas à educação de línguas: individualidade, centralização do aluno e o aumento no reconhecimento da natureza política da aprendizagem de línguas. A primeira diz respeito ao fato de que cada aluno é único, ou seja, cada um tem seu próprio método de aprendizagem, estilo, capacidades e necessidades distintas. Já na segunda, é observada uma tendência que se concentra em métodos de aprendizagem ao invés de métodos de ensino. É o aluno, e não o professor, o elemento chave e importante em uma sala de aula. E por fim, a terceira e última tendência diz respeito ao aumento da preocupação com as implicações sociais do aprendizado de línguas, isto é, a decisão de que uma língua estrangeira precisa ser ensinada nas chamadas instituições educacionais é uma decisão política. Um exemplo disso é o caso da língua inglesa, em que a aceitação e a aprendizagem dessa língua implica, muitas vezes, na a aceitação de uma ordem política e de uma economia global na qual o inglês é a “língua internacional” (p.27). Um rápido aumento da migração e das viagens também tem influenciado e provocado mudanças nas estruturas da educação de línguas, e suas conseqüências influenciam o mercado na educação de línguas.

            Para Little[2], a autonomia do aluno é um produto de interdependência, ao invés de independência, e mais, autonomia começa em casa, sendo que para assegurar autonomia por parte do aluno, é necessário assegurar autonomia por parte do professor. Segundo ele, alunos autônomos entendem o propósito de seu programa de aprendizado, aceitam a responsabilidade por seu aprendizado, compartilham a composição dos seus objetivos, tomam a iniciativa de planejar e executar as atividades, revisam seus aprendizados e avaliam sua efetividade regularmente. Ele compartilha com Knowles (1975, citado por DICKINSON, 1995) a visão de que o envolvimento pessoal em tomadas de decisão conduz a uma aprendizagem mais efetiva.

            Nunan (2000) relaciona a autonomia com a abordagem comunicativa, em que a aprendizagem de línguas e o ensino ocorrem com ênfase nas funções comunicativas, necessidades individuais, normas sociais e na própria autonomia. Para ele, a aprendizagem de línguas ocorrerá de maneira mais efetiva se for permitido ao aluno o desenvolvimento e o exercício de sua autonomia. O autor pontua que pesquisadores no interior da sociologia e psicologia da educação têm argumentado que a autonomia é benéfica para a aprendizagem, independentemente da matéria.

            Um ponto muito interessante abordado por Tort-Moloney (1997) é que segundo ela, deve-se levar em conta que o fato dos alunos irem as aulas não implica, necessariamente, que o professor deseja ensinar, ou que o aluno deseja aprender. Uma grande parte dos elementos presentes no sistema de educação são baseados na compulsão legal e econômica. Por essa razão, a autonomia se torna necessária como meio de superar os obstáculos da aprendizagem que surgem de motivos econômicos e sociais, os quais são responsáveis por “colocar” professor e aluno nas salas de aula.

            Littlewood (1996, p.428) faz uma análise muito interessante da capacidade de alunos autônomos em tomar decisões. Segundo ele, essa capacidade depende de dois elementos principais: habilidade e disposição. A habilidade é composta por conhecimento acerca das alternativas de escolha e pela destreza necessária para dar continuidade ás escolhas mais apropriadas. Já a disposição abrange a motivação e a confiança de tomar responsabilidades pelas escolhas estabelecidas.

 

 

 

2. O novo papel do professor

 

            O papel do professor também tem extrema importância no processo de aprendizagem, especialmente quando se envolve a questão da autonomia.          O ensino tradicional de línguas aumenta ainda mais os sentimentos de insegurança e incerteza presentes entre os alunos, uma vez que a sua metodologia é socialmente opressiva. No interior da sala de aula, o professor é quem está no controle, ou seja, as aulas são voltadas para a figura do professor, e não para o aluno. Fica, então, a cargo do professor estabelecer os objetivos em nome dos alunos, escolher e modificar abordagens, métodos e técnicas, assim como materiais que melhor irão encorajar o progresso para alcançar os objetivos estabelecidos anteriormente pelo professor. E é o professor quem vai decidir o que e como os alunos irão aprender.

            Além disso, há também a expectativa de que toda a sala irá reagir do mesmo modo às atividades e materiais propostas pelo professor. Porém, não é levado em conta que uma sala de aula é heterogênea, ou seja, cada aluno é único, individual, possui preferências e interesses diferentes. Cada um tem seu próprio ritmo de aprendizado, e devemos assim respeitar o desenvolvimento de cada um no interior das salas de aula.

Segundo Paiva (2005, p.5),

 

Por ignorar o papel da autonomia do aprendiz, os vários métodos de ensino geraram propostas e explicações lineares sobre o processo de aprendizagem, sem levar em conta que o ser humano é sempre o mediador de sua aprendizagem, mesmo quando seu grau de autonomia é mínimo. Esses métodos ignoraram, ainda,  que, devido às diferenças individuais do aprendizes, efeitos diferentes poderão surgir em reação a um mesmo conjunto de variáveis.

 

 

            Tort-Moloney (1997) diz que tanto o processo de ensino quanto o processo de aprendizado são importantes, uma vez que o conhecimento, ao invés de ser meramente comunicado pelo professor, é reinventado pelo aluno com a ajuda e sob a orientação do professor.

            Esse aumento da necessidade de ensinar aos estudantes como se tornarem academicamente independentes e autônomos trouxe novas perspectivas aos professores e gerou mudanças em relação às idéias tradicionais acerca do papel dos professores de línguas. Com isso, o que se observa é uma mudança no papel do professor.

            Porém, quando se fala em autonomia por parte dos alunos, muitos imaginam que o professor irá perder poder e prestigio, e muitos professores se sentem ameaçados, uma vez que acreditam que poderão ser substituídos pelos alunos. Isso não é verdade, e como Little (1995) mesmo afirma, não se espera a redundância do papel do professor na presença de alunos autônomos. Pelo contrário, o que se observa é uma maximização das relações entre aluno e professor, uma vez que é estabelecida uma estrutura que irá possibilitar o desenvolvimento de uma responsabilidade, que será dividida entre o professor e o aluno. O papel do professor se torna o de facilitador da aprendizagem. Little ainda argumenta que independência total não é autonomia, e sim autismo.

            Gremmo e Riley (1995) ainda destacam que ser conselheiro é diferente de ser professor. Como conselheiro, é seu dever respeitar as escolhas pessoais dos alunos. Uma vez que os alunos começam a assumir responsabilidades por sua aprendizagem, eles terão a experiência de controlar suas próprias aprendizagens. E o resultado final será muito positivo, pois os alunos terão mais consciência de seus limites, preferências, interesses, e com isso, poderão dar prosseguimento à aprendizagem fora da sala de aula, e sem a constante presença do professor.

            Já Logan et. al. (1995: p. 24) argumentam que o professor deve balancear a autonomia e a responsabilidade. Isso não quer dizer que o professor deve ser controlador, mas que deva haver limites para a quantidade de escolha e liberdade que o professor sente confortável em permitir. Porém, não concordo muito com isso, principalmente porque a questão não é se o professor se sente confortável ou não com o grau de autonomia do aluno - uma vez que o ator central é o aluno - mas se ele é sensível o suficiente em relação a que tipo e a quantidade de input e oportunidades de interação e de uso da língua.

            Enfim, sabe-se que o professor pode ensinar, mas somente o aluno pode aprender. E o que se pode observar é que os diversos autores citados concordam com o fato de que os professores estão mudando o seu papel tradicional, incorporando novos papéis. Eles se tornaram conselheiros, monitores e até mesmo guias quando estão trabalhando junto com os seus alunos, ajudando-os a desenvolver melhores técnicas para a aprendizagem. Eles se transformam em ajudantes e facilitadores quando oferecem sugestões e orientação na adoção de estratégias de aprendizado.

           

3. Elementos importantes para a autonomia em aprendizes de línguas

 

A cultura é um dos elementos muito importante para a aquisição da autonomia, pois ela também irá influenciar o modo de aprender e de se comportar dos alunos. Segundo Sediva e Koslova (1999), os alunos possuem diferenças culturais assim como diferentes experiências sociais, estilos e preferências de aprendizado.

            Uma sala de aula é bastante heterogênea, por isso, um dos meios de facilitar a autonomia do estudante é dar a eles a chance de se tornarem mais responsáveis e independentes. Breen[3] (1985) vê a sala de aula como um cenário cultural onde as realidades sociais “especificam e moldam as atividades de ensinar e aprender” [4].

            Já Auerbach[5] (1993) está dentre aqueles que argumentam que a chamada pedagogia da centralidade do aluno é uma forma mais humanística de assimilação cultural, planejada para permitir uma maior expressão por parte do aluno no interior de um contexto de controle  maior [6].

            Professores e acadêmicos devem utilizar sua experiência e conhecimento para promover a consciência acadêmica de que devem ser respeitadas as diversidades de perspectivas, língua e cultura.

            Inúmeros autores, como PennyCook, Benson e Voller (1997), destacam a importância da cultura na aprendizagem de línguas, onde o aluno é estimulado a se tornar um individuo autônomo. Ele argumenta que a promoção da autonomia na aprendizagem de línguas deve levar em conta os contextos culturais dos aprendizes, de forma a permitir que os alunos possam lidar com o mundo de maneira diferente, além de procurar alternativas culturais que permitam que eles possam aprender uma língua eficientemente e de modo autônomo.

            Além da cultura, várias são as formas discutidas pelos autores para se incentivar e desenvolver a autonomia em alunos. Dentre elas, destacam-se 3 aspectos: a tecnologia de informação, o material didático adotado, e as dinâmicas de grupo. Escolhi abordar essas três porque me parecem ser as mais importantes, além de serem facilmente observadas e incorporadas no ambiente de aprendizagem de línguas.

            A primeira delas, a tecnologia de informação possibilita modificar as atitudes dos estudantes, além de facilitar a sua autonomia. A tecnologia de informação pode aumentar o conhecimento, a criatividade e a produtividade dos alunos, sem falar que a Internet está fazendo com que o mundo se torne cada vez mais perto e menor, facilitando o trabalho das pessoas.

            Em relação ao ensino de línguas, a Internet é um ótimo recurso para se aprender línguas. Ela provê ao aluno inúmeras opções, permitindo que ele escolha o que mais lhe agrada, ou que melhor se encaixa em seu perfil e suas necessidades e particularidades, além de permitir a sua utilização fora das escolas. Através da Internet, o aluno pode trocar e-mails e/ou participar de listas de discussões, criando assim uma nova dinâmica social, baseada em colaboração, onde todos são vistos como sendo iguais. Ela fornece aos professores a oportunidade, dentre vários níveis, de escolher uma variedade de materiais que atendem às diversas necessidades dos alunos. Com isso, o papel do professor muda, se torna mais o de um organizador, o que nos leva a uma outra questão, a de que muitos professores têm medo de serem substituídos pelos computadores.

            Para Sediva e Koslova (1999) isso acontece, em grande parte, porque esses pensamentos são baseados na não compreensão dos princípios do computador. Elas também se mostram convencidas de que o professor como um fator humano sempre será necessário e insubstituível, uma vez que alguém precisa responder às perguntas feitas pelos alunos, além de explicar, dar exemplos mais autênticos, corrigir os erros, supervisionar, ajudar, ajustar de acordo com as expressões faciais e a linguagem corporal dos alunos, resolver problemas imprevisíveis que podem ocorrer com o computador, pois a máquina, assim como o ser humano é suscetível a erros, porém somente o homem é capaz de resolver os problemas e erros à medida que eles forem surgindo, e de modo eficaz.

            Porém, problemas também podem surgir, como desigualdade social, já que nem todos têm acesso a computadores e Internet; diferentes expectativas entre professores e alunos. Em relação à primeira, Paiva (2005) se refere a ele através da autonomia econômica, e que é definida por ela como sendo o acesso, os materiais e a tecnologia que irão dar um certo suporte ao aprendizado (p.2). Por isso, para que resultados positivos sejam alcançados, é necessário planejamento cuidadoso, balanceado e perspectiva critica, além de uma abordagem pedagógica experimental e interativa. (Warschauer, Turbee e Roberts, 1996).

             O segundo fator está relacionado ao material didático adotado. A princípio, pode não parecer importante, porém, o material - sua apresentação, instrução e conteúdo - difere entre o utilizado pelo aluno autônomo e o direcionado ao aluno não autônomo. Isso ocorre porque os materiais desenvolvidos para alunos autônomos têm que ter a capacidade de prover ao aluno o mesmo tipo de ajuda, conselho e incentivo dado pelos professores, uma vez que os professores não estarão sempre presentes. Além disso, eles têm que conter informações adicionais, como por exemplo, conselhos em relação a estratégias de leitura e com função oral, ou alertas destacando a importância de certos itens gramaticais, idiomas, frases, dentre outros.

            Os materiais também devem conter instruções e linguagem claras; flexibilidade; testes, exercícios e suas respectivas respostas, de modo a permitir que o próprio aluno corrija os exercícios e avalie o seu aprendizado; conselhos acerca de fitas, vídeos, enfim, de matérias de áudio; índice; fatores motivadores e conselhos em relação ao progresso do aluno. (Dickinson, 1987: p. 80).

            O terceiro e último fator consiste em dinâmicas de grupo. A experiência de Leni Dam[7] (1984) mostrou que nas salas de aula, a autonomia do aluno também aumenta a partir da colaboração, ou seja, a aceitação da responsabilidade de seu próprio aprendizado implica dividir essa responsabilidade com os demais alunos[8].

            Apesar de muitos acharem o trabalho colaborativo entre os alunos difícil, tudo indica que as oportunidades oferecidas aos estudantes a fim de que eles possam aprender a trabalhar efetivamente em tais contextos é importante, uma vez que os alunos estarão expondo e debatendo idéias. (Sediva e Koslova, 1999).

            Alguns autores argumentam que grupos coesivos ajudam a desenvolver nos alunos a consciência de seus papéis, assim como o papel dos outros no processo de aprendizado, promovendo cooperação entre eles. Porém, dinâmicas de grupo não são desenvolvidas, satisfatoriamente, de maneira fácil, sendo necessárias muita paciência e orientação do professor.  A participação do aluno também é muito importante, consistindo em um dos elementos essenciais para o sucesso dessa estratégia. O interessante é que isso é totalmente contrário dos métodos de ensino tradicionais, uma vez que a imposição do silêncio na sala de aula é uma característica básica, e atividades em grupo não são comuns.

 

4. Análise de dados

 

            Em síntese, ter autonomia na aprendizagem de línguas é saber controlar o próprio aprendizado de modo a se responsabilizar pelas decisões tomadas, procurar atividades ou oportunidades para praticar a língua fora do ambiente acadêmico de maneira livre e espontânea. O papel da autonomia também está ligado às escolhas, e no caso, às escolhas feitas pelos aprendizes com o objetivo de melhorar e desenvolver determinada língua. Tendo dito isso, tentarei investigar a autonomia como função comunicativa – habilidade de operar com a língua de modo independente e de utilizá-la para comunicar-se e lidar com situações inesperadas - e de aprendiz – habilidade do aprendiz de se responsabilizar pelo seu próprio aprendizado, e saber aplicar estratégias pessoais significativas no seu aprendizado tanto dentro como fora da sala de aula -, a motivação e a importância dela para um aprendiz autônomo, as tomadas de decisões, e as escolhas das atividades.

Com o objetivo de observar a relação entre o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira e a questão da autonomia, e tendo como apoio os autores e resenhas, foram feitas uma série de entrevistas com aprendizes de língua estrangeira de cursos livres. Essas entrevistas possibilitaram uma visão mais profunda acerca das experiências de aprendizagem e a presença da autonomia no processo de aquisição de uma língua estrangeira.                                                                                                                                                  

            Até o presente momento fForam entrevistadas 20 pessoas, sendo todas elas estudantes universitários dos cursos de Direito, Relações Internacionais, Química e Letras. Desses 20 entrevistados, 7 são aprendizes de espanhol, 5 de francês, 3 de alemão e 5 de inglês.

            As entrevistas fazem parte do projeto AMFALE. Esse projeto reúne diversos pesquisadores interessados em investigar aspectos diversos dos processos de aquisição e de formação de professor de línguas estrangeiras através de narrativas de aprendizagem[9].

            No início de cada entrevista, solicitei que os entrevistados me dissessem falasse um pouco de como ocorreusobre a sua história de aprendizagem da respectiva língua, e também como seressaltando como se dava o processo de aprendizagem da língua. Evitei fazer perguntas durante as entrevistas com o intuito de não influenciar os entrevistados, deixando-os falar livremente, para que todo o processo fosse o mais espontâneo possível.

As entrevistas foram gravadas com um gravador digital, sendo posteriormente transcritas, utilizando-se o português padrão. Alguns alunos optaram por escrever em uma folha o seu relato de aprendizagem de língua estrangeira por não se sentirem confortáveis frente ao gravador.

            O mais interessante é que como os entrevistados são todos alunos universitários de vários cursos, a decisão de aprender uma LE parte do próprio aluno, ou seja, o aluno assume a responsabilidade pela própria aprendizagem, já que ele tem consciência da importância do idioma na sua vida, sem a sensação de obrigatoriedade. Ele está aprendendo uma determinada língua porque ele quer, e não porque ele foi obrigado pelos pais, por exemplo. Foram observados dois motivos que estimularam os alunos a aprenderem uma língua estrangeira: necessidade e/ou prazer. E em ambos os casos, os próprios estudantes procuraram por outras atividades para serem desenvolvidas fora das escolas, ou seja, meios de aumentar as oportunidades de utilizar a língua, o que faz com que assumam um papel cada vez mais autônomo no processo de aprendizagem. E o mais interessante é que tudo isso é feito naturalmente, como escutar música, conversar sozinho ou com colegas que saibam a língua, assistir a filmes. Hoje em dia, com o advento da tecnologia, a Internet também tem se mostrado uma ferramenta muito útil para aprendizes autônomos, pois permite que os alunos procurem materiais sozinhos na rede, além disso, permitem também que eles pratiquem a LE, seja entrando em sites cujo idioma é o estudado pelo aluno, seja estabelecendo contato com falantes nativos da língua alvo.

Como já foi dito, várias são as razões que incentivam o aprendiz a começar a aprender uma língua. Um caso muito interessante é de um aprendiz de língua espanhola, que começou a aprender a língua devido ao seu interesse pelo futebol. A sua narrativa mostra que o processo se deu de forma autônoma, já que a princípio, apesar de ele nunca ter estudado a língua espanhola, isso não o impediu que pesquisar as canções presentes nos times de futebol por conta própria. Ele foi motivado pelo seu interesse no esporte, o que o incentivou a aprender a língua.

 

Bom, eu comecei a estudar espanhol no inicio desse ano, faço desde fevereiro desse ano, de 2004. E minha história com essa língua é que, curiosamente, eu amo futebol. Então por eu gostar do futebol, e ser muito apaixonado pelo estilo de jogo, pelo futebol latino-americano, eu comecei a pesquisar, e procurar saber do futebol argentino, futebol chileno, uruguaio, paraguaio, mexicano, enfim do futebol jogado na América Latina como um todo.

E dessa procura veio o interesse em saber também a língua espanhola, porque eu tive contato com torcidas de outros países, e pelos cânticos, pelas canções que eles cantavam, eram todas em espanhol, e eu também procurava saber, e foi por causa disso que eu tive interesse na língua espanhola.

 

            Já um outro aprendiz começou aprender a língua alemã pela importância dela para seu curso, e pelo interesse em uma banda alemã. Podemos observar, então, a presença da autonomia como aprendiz, uma vez que o aprendiz tinha consciência da importância da língua academicamente, e por isso, começou a aprender a língua, sem que ninguém lhe pedisse que o fizesse. E de certa forma, a motivação também teve um importante papel no seu processo de aprendizagem da língua, e ela pode ser observada através do interesse pela música alemã.

 

Eu comecei a estudar alemão porque eu faço Química, e tem importância extrema, porque o centro de desenvolvimento da tecnologia, principalmente em química começou na Alemanha. Além disso, eu gosto muito de música, e eu gosto de música alemã também, tem muitas bandas de rock que me interessam, ou seja, eu uni o útil ao agradável.

 

            No caso do inglês, a presença de autonomia nos aprendizes é mais fácil de ser observada pelo fato de ser uma língua bastante difundida no mundo. Música, TV a cabo (seriados americanos, noticiários e programas falados em inglês), Internet foram os recursos mais mencionados pelos alunos como meios de aprimorar a língua. Veja o exemplo abaixo:

 

Eu prefiro escutar música, ver filme, do que aprender inglês com livro, gramática. Me interesso mais pelo ouvir o inglês, acho que aprendo mais do que lendo, leitura não é tão o meu forte assim, por isso faço fora do curso de inglês. E leio também o inglês que é obrigatório, e etc. Mas procuro mais o tema que mais me interessa por eu não gostar tanto de ler o inglês, mais de ouvir, e falar. E também tento conversar, manter contatos com pessoas que falam o inglês, nativos, que tem como primeira língua, pra treinar a fala e a escrita também.

 

Nesse exemplo em questão, podemos observar, na penúltima frase, um claro indício de autonomia, pois apesar do aprendiz não gostar da leitura, ele o faz assim mesmo, já que sabe da importância dela no seu processo de aprendizagem. E para isso, ele procura ler textos que o agradam. Já a última frase da narrativa acima evidencia a função comunicativa, através de conversações interações como falantes da língua alvo, nativos ou não.

Já alguns gostam de assistir programas de TV em inglês porque é uma forma de treinar a audição, principalmente quando não há a presença de legendas, ou quando a legenda é em inglês. 

Eu tive que pegar outras coisas pra me ajudar mesmo na fluência, como, por exemplo, assisto muito TV a cabo, muitos seriados que eu gosto, aproveito a questão de gostar algum tipo de programa, documentário, e presto bastante atenção na língua mesmo, evito ao máximo não ler as legendas, pego muitas fitas de filmes, no meu curso também tem a legenda em inglês que ajuda demais. Algumas séries, aí eu assisto porque não tem legenda nenhuma, isso me força a estar com a audição mais aguçada mesmo na língua.

 

 

Duas outras narrativas fazem referência ao curso de Relações Internacionais, e a importância da língua inglesa nele, uma vez que grande parte dos textos lidos é em inglês. Essas narrativas mostram como os alunos administram seu próprio aprendizado, e como eles tiram proveito dos materiais fora da escola de idiomas. Em outras palavras, o fato de esses aprendizes fazerem uso de materiais que foram dados a eles fora da escola de idioma, e ao fazerem isso conscientes de que isso irá ajudá-los a aperfeiçoarem a língua inglesa é um claro indício de autonomia entre esses dois aprendizes.

 

 

                                      Narrativa 1:

No curso Relações Internacionais, tem bastante texto em inglês, e é importante o domínio da língua, pra a gente compreender a matéria. No caso todas as disciplinas utilizam o inglês, para o aprendizado, para ensinar os alunos.

 

 

           Narrativa 2:

E também o meu curso, fora do curso de inglês, o curso de faculdade mesmo, ele exige muita leitura de inglês, isso com certeza ajuda muito.

 

A leitura de livros também foi mencionada como forma não só de aprender como de estar sempre em contato com a língua:

 

Sempre quando eu posso ler alguma em espanhol também, por fora, alguma coisa como livro fininho, ou alguma coisa assim, eu procuro ler.

 

 

No caso da língua alemã e francesa, os materiais e recursos são mais escassos, e por isso, mais difíceis de serem encontrados. Esse é um dos motivos dos aprendizes dessas línguas se concentrarem mais no estudo da língua através dos materiais fornecidos pela escola, e na leitura. A próxima narrativa é de um aprendiz de alemão, e ilustra essa questão.

 

 (...) o alemão é uma língua que não tem tanto disponibilidade que nem o inglês, que você liga a televisão, e já pode praticar, um listening de algum seriado, de algum filme, você pode alugar e tentar não ler a legenda. O alemão não tem muito isso, você não tem um filme em alemão, então é pouco difícil. Música também, você tem muita música em inglês, em alemão não tem tanta coisa pop assim, é mais difícil. Mas eu faço exercício mesmo, e sempre tento escutar alguma coisa.

 

 

            Na narrativa abaixo, o aprendiz de francês optou pela leitura como principal meio de estudar a língua, pois para ele é um meio de estar sempre em contato com a língua, mas ele não restringe as suas opções, recorrendo aos filmes também.

 

E assim, para mim aprimorar mais no francês, eu pego revistas no Cenex daqui da Faculdade de Letras, alguns filmes, e muito material de leitura mesmo, pra sempre estar mexendo com o francês. E diariamente eu procuro ler alguma coisa em francês, ou estudar pra não perder o contato com a língua francesa.

 

 

            Um outro recurso muito importante em uma aprendizagem de línguas é a fala. Várias estratégias são utilizadas pelos aprendizes, dentre elas, a comunicativa, que como o próprio nome diz, consiste em comunicar-se com outras pessoas que também falam o idioma, ou até mesmo falar sozinho, como relatou a aprendiz abaixo:

 

(...) fui para uma escola de idiomas, ainda não sabia nada, e para poder treinar e aprender mais, eu geralmente converso em espanhol com meus amigos que falam o espanhol, e também falo muito sozinha, em casa em espanhol.

 

 

            O mesmo pode ser observado na narrativa abaixo, de um aprendiz de língua francesa.

 

(...) eu procuro conversar em francês com alguns amigos que tenham alguma noção da língua, e assistir a algum filme, e também pronunciar sozinho alguma frase, ler textos em francês em voz alta para me adaptar cada vez mais a fluência no idioma.

 

           

            No caso do aprendiz de inglês, por ela preferir ouvir e falar, ela tenta manter contato com nativos da língua, pois isso permite a ela praticar a escrita também. Isso mostra o seu lado autônomo durante o processo de aprendizagem, pois partiu da própria aluna a vontade de manter contato com falantes da língua inglesa com o objetivo de praticar a língua.

 

Mas procuro mais o tema que mais me interessa por eu não gostar tanto de ler o inglês, mais de ouvir, e falar. E também tento conversar, manter contatos com pessoas que falam o inglês, nativos, que tem como primeira língua, pra treinar a fala e a escrita também.

 

 

            A Internet também foi um dos recursos utilizados por vários alunos. Nas duas narrativas abaixo, ambos utilizam a Internet como ferramenta para aprimorarem a aprendizagem da língua espanhola e francesa, respectivamente. Eles tomaram a decisão de entrar em sites cuja língua corresponde ao que eles estão aprendendo, e isso sempre ocorreu de forma autônoma.

Narrativa 1:

 

(...) às vezes quando estou mexendo na Internet, e tem página em inglês, espanhol, francês, eu procuro ler em espanhol, para ver se eu pego muito vocabulário, essas coisas, mas não costumo estudar muito.

 

 

Narrativa 2:

 

(...) leitura eu tenho um hábito de leitura em francês, entrar em site, porque mesmo que você não consiga ler, você tentando ler aprende muita coisa. Então eu entro em sites de reportagens, revistas, leio alguns artigos, mas eu gosto muito de música, principalmente.

 

 

            Como podem ser observados, vários são os meios adotados pelos aprendizes para aprender línguas. Tudo vai depender das preferências, interesses e motivações desses aprendizes; dos recursos os quais eles têm acesso, além do motivo que os fizeram começar a aprender uma outra língua.

            Todos os entrevistados se dedicaram à atividades que não foram solicitadas pelos professores, e isso pode ser considerada uma estratégia de autonomia, uma vez que eles estão disposto a procurarem por “insumos” de livre e espontânea vontade. Essas atividades refletiram os próprios interesses dos aprendizes, e também a preferência de formas para se alcançar essa autonomia, tais como música, filmes, livros.

            Os alunos tiveram liberdade para exercer suas próprias escolhas durante a aprendizagem, e um exemplo disso é que enquanto optaram por assistir TV, ou escutar músicas, outros preferiram ler livros ou usar a Internet, através do acesso de sites da língua estrangeira que estão aprendendo. Isso mostra o quanto eles são autônomos como aprendizes, uma vez que não fazem somente o que o professor manda, procurando por mais materiais e atividades a serem desenvolvidas fora da sala-de-aula.

            Em relação à discussão feita no inicio do artigo por Crabbe (1993, p.443), em que ele apresenta três argumentos que justificam o aumento da atenção dada à autonomia e à educação de línguas, pode-se dizer que todos os aprendizes possuem autonomia econômica, uma vez que ele tem acesso a Internet, filmes, alguns deles até tiveram a oportunidade de viajar para o exterior, tendo assim a experiência de viver em um país cuja língua nativa é a língua a qual eles estão aprendendo.    

Em relação ao professor, um fato interessante é que nenhum entrevistado mencionou a figura do professor e/ou a sua importância para o processo de aprendizado da língua. E dos 3 aspectos mencionados e analisados anteriormente – tecnologia de informação, material didático adotado, dinâmicas de grupo – somente a primeira foi mencionada pelos aprendizes. Porém, é importante ressaltar que isso não quer dizer que o que não foi mencionado pelos aprendizes não faz parte da vida deles, mas talvez esses elementos não chamam tanta atenção se comparada a outras, como a Internet, livros, música, por exemplo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

            O ensino é uma questão de saber lidar com informações, de forma a possibilitar a construção de conhecimento entre indivíduos. Nesse contexto, é responsabilidade do professor possibilitar essa construção juntamente com o aluno. (eu não gosto desse parágrafo. Aprendizagem de língua não é sinônimo de lidar com informações e sim de aquisição, além do mais, me parecesse desnecessário. Eu simplesmente o eliminaria)

            Porém, isso não é tão simples assim, e vVários fatores influenciam essa construçãoa aquisição de uma língua estrangeira. Personalidade, interesse, nível educacional, confiança, autodisciplina, motivação são alguns dos itens importantes para o processo de autonomia do aluno. As circunstâncias envolvidas também, como o acesso do aluno e oportunidades; características e habilidades do professor; auxílio da escola, dentre outros.

            O aprendizado de línguas requer um envolvimento ativo por parte dos alunos, lembrando sempre que cada um observa e interpreta as coisas de maneiras diferentes. Sendo assim, é um erro o professor considerar todos os seus alunos como sendo iguais, possuindo os mesmos interesses, preferências e ritmo.

            È importante que o aluno seja capaz de selecionar estratégias apropriadas segundo as suas dificuldades e objetivos, o que reflete o seu grau de autonomia em relação ao processo de aprendizagem da língua. Porém, o professor também possui um papel importante durante todo o processo, que é o de orientar e aconselhar os alunos.

            Em relação às entrevistas, observou-se que a maioria dos alunos mencionou os meios de comunicação, como televisão, músicas, Internet. Isso ocorre porque elas estão muito presentes no nosso dia-a-dia, e nesse sentido, o processo de autonomia é tão natural que os aprendizes não percebem que o fato de escutarem uma música ou assistir a um programa é uma forma de autonomia. Mas o mais interessante é que nenhum dos entrevistados mencionou a importância da escola e, principalmente, a figura do professor no processo de aprendizado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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[1] Citado por Deci e Ryan, 1987, In: Logan et. al., 1995

[3] In: Johnson et. al., 1998.

 

[4] Minha tradução de “Breen (1985) views the classroom as a cultural setting where social realities “specify and mold the activities of teaching and learning.”

 

[5] In: Bruce, 1995.

 

[6] Minha tradução de “Auerbach (1993) is among those who argue that the so-called “learner-centred” pedagogies are basically more humanistic forms of cultural assimilation, designed to allow greater student expresion within a broader context of control.”

[7] In: Little, 1996.

 

[8] Minha tradução de “She also showed that in classrooms learner autonomy grows out of collaboration, so that acceptance of responsability for one’s own learning entails sharing responsability for the learning of others.”

[9] [http://www.veramenezes.com/amfale.htm]