Nome: Roberta Kelly Paiva
Tempo de aprendizado da língua: aproximadamente 2 anos
Curso: Letras
Idade: 22 anos
Memorial realizado para a disciplian Prática de Ensino de Inglês - Faculdade de Educação
Narrativa coletada pelas professoras Miriam Jorge e Maria de Fátima Inchausti Ribeiro
Organização: Deborah Ávila
Ao longo da minha infância tive um contato bastante diluído com línguas estrangeiras – espanhol, italiano, inglês – através de canções, filmes legendados e, por vezes, reportagens ou propagandas transmitidas pela televisão. Lembro que, nessa época, admirava muito a língua inglesa, decerto pelo fato de meus pais gostarem de ouvir músicas norte-americanas, e talvez também pela universalidade que ela já vinha conquistando – o que acabou me influenciando. (Fato engraçado é que nem meu pai nem minha mãe tinham o mínimo conhecimento desse idioma.) Assim, adquiri desde cedo a imensa vontade de aprender inglês.
Quando ingressei na 5ª série do Ensino Fundamental, aos 12 anos de idade, comecei a estudar essa língua no colégio (era disciplina obrigatória). Daí em diante, minha vontade de aprendê-la foi só se fortalecendo. Porém, como eu percebia que somente com a matéria do colégio eu não conseguiria alcançar meu objetivo (pois ela não era ‘seriamente’ ministrada como as outras), passei a pedir insistentemente para os meus pais me matricularem numa escola específica de inglês. Consegui ser atendida apenas no início do 1º ano do Ensino Médio, em 1999. Ingressei então num estudo cada vez mais aprofundado do idioma. E, à medida que fui progredindo, minha paixão por ele foi aumentando.
Dessa forma as coisas foram se encaminhando a tal ponto que, mesmo já tendo concluído todo o curso de inglês e obtido alguns certificados, não pude deixar de desejar continuar estudando, para não perder a intimidade com a língua. Foi por isso que resolvi, no início de 2005, fazer o curso destinado à formação de professores de inglês, nessa mesma escola na qual eu havia iniciado o estudo do idioma. Concluí o curso ao final do ano passado e, atualmente, sinto-me mais preparada para lecionar a língua inglesa – algo que pretendo fazer a fim de não perder a prática com a língua. A propósito, já até consegui uma vaga num curso livre de inglês, e começo a dar aulas este mês.
Porém, não foi só o inglês que me atraiu e ocupou o meu tempo durante os últimos anos. Tão logo ingressei na Faculdade de Letras da UFMG, em 2002, vi-me cercada por estudiosos e falantes de diversas línguas, além de um acervo enorme de material – didático e artístico – disponível para consulta. Senti-me maravilhada num ambiente assim tão diversificado, e impressionada pela possibilidade (que antes me parecia quase impossível) de conhecer e ‘dominar’ várias línguas, como alguns de meus colegas e professores faziam. Foi sobretudo esse ambiente de plurilingüismo, aliado à necessidade prática de entender ao menos um pouco de outros idiomas – a fim de ter acesso à extensa bibliografia estrangeira (às vezes até obrigatória) indicada para a nossa formação –, que me impulsionou a começar a estudar outras línguas.
Desse modo, já cursando o 4º período, resolvi mudar minha habilitação: de Licenciatura em Português para Licenciatura Dupla em Português/ Francês. E foi só o tempo de entrar em contato com a língua para me apaixonar novamente por outro idioma. Ainda estou em fase de assimilação (nível intermediário), mas já se consolidou em mim, com todo vigor, a vontade de aprofundar cada vez mais meus conhecimentos de francês para adquirir um bom nível de proficiência – como ocorreu com o inglês. Foi com esse objetivo que me matriculei também num curso livre de francês, pois acho que a carga horária cursada na FALE para o estudo de uma língua estrangeira é insuficiente para atingir o nível de proficiência, pelo menos para alguém que começou a estudar a língua (do zero) já dentro da faculdade, como eu.
Como parte complementar do meu curso, fui obrigada a me matricular, quando eu ainda estava no 3º período, nas disciplinas introdutórias de Latim e Grego. Confesso que não senti a mesma atração pelas línguas clássicas em comparação com a que sinto pelas modernas que estudo – talvez por aquelas já serem línguas mortas. Contudo, foi mais a título de curiosidade que continuei estudando Grego – o Latim não pude continuar devido a problemas de horário. Hoje ainda estudo Grego e cheguei a desenvolver, inclusive, um projeto de tradução sob a orientação de um professor da área. Pretendo ainda prosseguir um pouco mais com o estudo de Latim, e penso na possibilidade de pedir continuidade de estudos para obter o Bacharelado em Grego no próximo ano.
Enfim, aqui se esgotam as línguas estrangeiras com as quais travei alguma relação até o presente momento. Todavia, a vontade de conhecer e entender é que não se esgota nunca. Ainda me interesso enormemente em aprender outros idiomas ocidentais modernos – espanhol, alemão, italiano – os quais podem me trazer uma grande contribuição só com a capacidade de ler textos originais neles. Entendo e reconheço o risco que se corre quando se procura conhecer vários idiomas e não se consegue ‘saber’ plenamente nenhum deles. E é até com receio disso que não quero deixar de ter contato – estudando e, quem sabe, ensinando – com o inglês e o francês, estando imersa o máximo possível no contexto de ambos.
Entretanto, mantenho a total convicção de que é possível aprender várias – talvez nem tantas assim – línguas. Por isso tenho o firme propósito de investir no estudo de algumas outras, apesar da falta de tempo e por vezes de recursos capazes de sustentar a minha aplicação nesse estudo. Ademais, acredito que a comparação entre as línguas – principalmente no que diz respeito às suas estruturas – até facilite o processo de sua aprendizagem e aquisição. De qualquer maneira, continuarei me esforçando para aprimorar o conhecimento lingüístico que já possuo e para me dedicar a novos conhecimentos. E se, por um acaso, eu não for bem sucedida nas minhas novas conquistas e experiências lingüísticas, tenho certeza de que elas também não atrapalharão a minha relação com os idiomas aos quais estarei habituada há mais tempo.