Nome: Magda Maria Gomes Brandão Zonatto
Idade: 45 anos
Escolaridade: Pós-graduação
Tempo de aprendizagem:

Desde criança, ainda na alfabetização, meu interesse pela língua inglesa já era parte da minha vida. Naquela época (anos 60) o acesso à aprendizagem de uma língua estrangeira era muito restrito, havia muitos poucos cursos de línguas e apenas as pessoas de classe mais abastada costumavam freqüentá-los, por conta do custo. Os meios de exposição à língua também eram muito restritos e o que me restava era tentar aprender sozinha.
Apenas quando cheguei à 5ª série, concretizei meu sonho de estudar sistematicamente a língua inglesa. O livro era do método Yázigi e vinha com um disco para incentivar a prática oral. Foi meu presente de aniversário! Minha primeira professora era fluente na língua e ensinava também em um curso de línguas da cidade. Embora eu só tivesse acesso, até então, a músicas em inglês, tentava cantá-las, prestando atenção à pronúncia, apesar de não ter a mínima idéia de como a língua funcionava.
Essa professora percebeu meu interesse e dedicação e passou a incentivar minha prática e aprendizado da língua. Aos 13 anos, já na 7º série, de tanto insistir, meu pai me matriculou em um curso de línguas (CCAA). Eu já tinha em mente estudar ou morar nos Estados Unidos. Chegando ao curso, me submeti a um teste de nível, cujo resultado me dava o direito de cursar o livro 3. Entretanto, preferi começar do livro 1, pois queria ter um curso completo e me aprofundar, principalmente, na conversação. Fiquei apenas um semestre. Meu pai precisou cortar custos.
Até então, eu já conseguia me comunicar razoavelmente com o que aprendi no colégio e no CCAA, tinha um bom domínio da gramática e de vocabulário e já havia decidido que seria professora de inglês.
Entrei para o curso de magistério em 1976 e, como no colégio já havia aulas de inglês para crianças, fui convidada a dar aulas nas 3ª e 4ª séries, como monitora. Aceitei o desafio e passei a dar aulas com o método adotado no colégio, que era do CCAA. Aí começou minha carreira profissional.
Em 1979, passei no vestibular para o curso de Letras e, como já trabalhava como professora de maternal, voltei para o CCAA para recomeçar meu curso. Decidi que iria reiniciá-lo a partir do livro 1, tendo chegado apenas até o livro 6, uma vez que já trabalhava em mais de uma instituição como professora de inglês e não tinha mais tempo para continuar no curso de línguas.
Ao chegar à universidade, minha identificação com o curso foi imediata e em 1980, passei na seleção para a monitoria de língua inglesa, onde trabalhei, inclusive substituindo professores em algumas aulas. Sendo assim, meu contato com os professores tornou-se mais próximo e, em 1981, passei a fazer parte de um grupo de estudos com a professora Hilda Laffytte.
A referida professora tencionava trabalhar com um grupo de professores da rede estadual, selecionadas por ela, a fim de implantar um curso de extensão universitária para funcionários da universidade e seus familiares. Como mantínhamos um contato estreito, passei a fazer parte do grupo como convidada.
Em 1980, a professora participou de um ENPULI e conheceu a professora Antonieta Celari e seu projeto de Inglês Instrumental no Brasil, juntamente com alguns professores ingleses, apoiados pelo Conselho Britânico. Surgia, então, a grande oportunidade da minha vida.
Entusiasmada com o Projeto, a professora Hilda lançou-nos o desafio de fazermos parte, a fim de capacitarmos professores da rede estadual e de prepararmos material didático, tanto de apoio à rede quanto para uso nos cursos ofertados pela pré-reitoria de extensão.
Quando o Projeto foi implantado em Alagoas, em 1980, eu tinha apenas 19 anos. Passei a fazer parte do grupo de estudos em 1981 e tive a oportunidade de conhecer e me tornar amiga de alguns dos mais importantes nomes do Projeto de Inglês Instrumental no Brasil.
Até então, minha pronúncia era esmeradamente americana. Passei dois anos para adaptá-la ao inglês britânico. E me apaixonei mais ainda, se é que isso era possível, pela língua inglesa. Como eu era muito jovem e descomprometida, fiquei encarregada, além das outras atribuições no grupo, da parte social e dos contatos diretos com os estrangeiros. Isso só fez melhorar minha fluência e pronúncia.
Em 1982, participávamos intensamente de seminários em ESP e já trabalhávamos como multiplicadores, ministrando cursos de capacitação em todo o estado. Ao mesmo tempo, pronunciavam nas instalações precárias da Pró-Reitoria de Extensão os cursos em ESP e também para comunicação, nos quais eu trabalhava como professora.
Em 1985, passei no concurso para professores da rede estadual e fui requisitada pela universidade para continuar no Projeto.
Em 1989, quando a procura pelos nossos cursos na Pró-Reitoria já era muito grande e a nossa oferta não conseguia mais atender à demanda nos moldes em que se dava, a professora Hilda me nomeou coordenadora pedagógica e decidimos transformar nossas aulas em curso regular de língua inglesa, o qual já era conhecido na comunidade como Casa de Cultura Britânica. Tivemos o apoio do Conselho Britânico, providenciamos um curso renomado no Paraná, fizemos seleção de professores e iniciamos nossa proposta para a comunidade externa em 1990.
O nome Casa de Cultura Britânica foi dado com base em um outro projeto que acontecia no Ceará (Fortaleza) e que já obtinha muito sucesso.
Apenas em 1993, já como Coordenadora Administrativa-Pedagógica, após a aposentadoria da Professora Hilda, foi que concretizei o sonho de fazer um curso no exterior. Ganhei uma bolsa do Conselho Britânico para fazer um curso de três semanas na Universidade de Nottingham, para professores. Já em 1992, a fim de obter um certificado de reconhecimento internacional, obtive o certificado do FCE da Universidade de Cambrigde.
Falar e escrever em língua inglesa já era algo “natural” no meu cotidiano. Com uma memória privilegiada e um interesse exacerbado pela língua, aumentava minha fluência a cada dia, lendo muito, principalmente “resource books”.
A partir de então, me preparei para o CEELT 1, um certificado de Cambrigde para professores de inglês. Tinha muito contato com o Conselho Britânico em Recife, através de Eddie Edmundson, o qual vinha periodicamente e Maceió para visitas ou cursos de capacitação para os nossos professores.
No entanto, meu contato com a língua não se restringia à Casa de Cultura. Ao mesmo tempo, passei no concurso do CEFET (1994), ensinava em colégio particular e também em uma faculdade particular (1989 – 2002), onde dava aulas de inglês, literatura inglesa e Prática de Ensino de Língua Inglesa.
Várias outras oportunidades surgiram para que eu viajasse à Inglaterra (mais 5 vezes) e, em 1995, tive a chance de ir aos Estados Unidos, embora, a partir de meus contatos com os britânicos, ter desenvolvido uma paixão especial pela Inglaterra, onde pretendo morar com minha família, após minha aposentadoria.
Durante todo o tempo dedicado ao ensino de língua inglesa, venho trabalhando também com capacitação de professores, o que contribui demasiadamente para meu crescimento profissional.
Como me dediquei muito ao trabalho e à minha subsistência, apenas em 2000 terminei uma Especialização em Tecnologia Educacional e, mesmo com um grande volume de trabalho, terminei o Mestrado em Educação Brasileira, pesquisando a formação inicial do professor de língua inglesa, numa análise comparativa dos dois maiores e mais antigos centros de formação (a universidade e a maior faculdade particular), com base nos pressupostos legais da nova LDB.
Este ano, estou matriculada como aluna especial do Programa de Pós-graduação do CCHLA da UFAL, na linha de pesquisa de Ensino de Língua Inglesa, na disciplina História da Lingüística, procurando ver se terei tempo de me preparar para a seleção de doutorado, em 31 de outubro. Acredito que irei conseguir, embora ainda esteja trabalhando no CEFET e na Faculdade de Alagoas, dando aula nos três horários e fazendo algumas traduções, atividade que iniciei formalmente em 2000.