Nome: Geórgia Luciana 
Idade: 25 anos
Escolaridade: não informado
Tempo de aprendizagem: não informado

Narrativa coletada por Vera Menezes

Minha mãe me matriculou numa escola particular de classe media alta quando eu tinha dez anos de idade. Eu era da quarta série e fiquei deslumbrada quando aquela mulher de pele alvinha, bem baixinha e bem gordinha entrou na sala de aula. Na minha mente ela era a mulher mais inteligente do mundo. Nossa! Ela sabia inglês! 
Fui apresentada à língua através de vocabulário. Aprendi as cores, os animais, os números e com certeza o verbo TO BE. Lembro-me bem das vezes que ela levantava o livro dela de frente para nós a fim de que víssemos as figuras e cores. Quando o ano terminou, senti triste pois não teria mais contato com a língua pelo menos até a série seguinte. Mas quem disse? Tratei logo de conseguir umas letras de música e um dicionário velhinho para traduzi-las e, assim tentar compreender as canções internacionais.
Na quinta série voltei às aulas feliz da vida. "Eu já sabia falar inglês". Essa era a concepçao que eu tinha do que era falar outra língua. Daí por diante, tive professores que me faziam "decorar" os verbos, as conjugações e os tempos. Eca. Que horrível era aquele inglês da sala de aula. Era muito melhor quando tinha um monte de atividade de outras disciplinas e eu por vezes não as fazia, mas comprava nas bancas de revista os livros de acordes, para quem toca violão. Sentava em minha cama e passava horas traduzindo as músicas ou até mesmo os textos dos livros didáticos. E assim os anos foram se passando. Quando eu fiz seleção para o colégio de aplicação no qual entrei na oitava série, tive contato com um livro diferente. Havia uns diálogos interessantes que nós ouvíamos na fita cassete e depois a professora pedia para reproduzi-los em pares ou trios dependendo da quantidade de personagens. Como era gostoso assistir à essa aula! Não resisti e implorei para que minha mãe me matricular num curso de inglês. Apesar de não ter muita condição naquela época minha mãe fez isso por mim. Mas infelizmente só estudei um ano, ou seja, dois períodos. Mas lembro bem de como aconteciam as aulas. O professor nos apresentava a língua a ser usada, demonstrava-nos com exemplos e em seguida, pedia pra praticar aquela língua.
Comecei então a ter uma visão bem diferente do que é aprender inglês em cursos de idiomas e em escolas, apesar de ter tido uma boa experiência da última escola que mencionei.
Por circunstancias da vida tive que voltar a uma escola da rede pública e justo no meu terceiro ano do ensino médio. Nossa! Que tristeza! A professora nos dava textos e dezenas de dicionários, os quais ela carregava em todas as aulas, nos pedia para traduzir aqueles benditos textos.
Bem, esqueci de mencionar no inicio que uma grande amiga minha de infância me acompanhou por todo aquele percurso que descrevi. Então aproveitávamos alguns momentos do dia para treinar o nosso pouco inglês que sabíamos. Ou quando estávamos juntas ou pelo telefone. Era uma delicia! 
Após ter terminado no colegial entrei na universidade, ou melhor, entramos. Eu e minha amiga para cursar letras - inglês. Fomos participando de alguns seminários dentro e fora da UFS e percebendo como as minhas professoras tinham falhas. Digo isso porque hoje ao dar aula ou ao ver meus colegas de trabalho darem aula, abordagem aplicada e a preocupação com aprendizagem do aluno estão sempre em primeiro plano. O fato de tentarmos melhorar sempre, de se auto-avaliar, como também a preocupação com nosso planejamento e com as atividades que serão aplicadas e principalmente se conseguiremos alcançar o objetivo de cada aula dada, faz parte da nossa rotina.