Nome: Valico Romualdo Júnior

Idade: 32 anos

Tempo de Estudo da Língua: 13 anos

Narrativa Coletada por: Vanessa Cristiane Rodrigues Bohn em agosto de 2005

 
Meu nome é Valico Romualdo Júnior. Bom, eu comecei a aprendizagem de língua estrangeira primeiramente por causa de música porque desde quando eu era criança as minhas irmãs mais velhas ouviam Beatles, músicas Francesas, Italianas, Espanhola e eu sempre gostei muito, cantava junto, mas não sabia de nada que estava cantando, então eu queria saber cantar, falar, saber o que a música queria dizer. Eu comecei a estudar Inglês, não em cursinho, mas na escola, na 5ª série, tinha notas muito boas em Inglês, gostava muito, passava sempre com 100. O Inglês da minha escola não era bom, era de escola estadual, periferia. Então eu considero que eu comecei a estudar a Língua efetivamente foi quando eu comecei a fazer o curso de letras, há 13 anos atrás, então foi aí que eu tive o ensino formal da Língua, onde os professores falavam Inglês a todo tempo e a gente tinha que falar também, tínhamos que escrever e tudo. Ao mesmo tempo que eu comecei a fazer Inglês eu também comecei a fazer Francês e Espanhol também. Como base pra eu fazer todas essas Línguas ao mesmo tempo, eu sempre tomava como base a minha Língua. Para mim, um método muito bom que sempre funcionava comigo é comparar a minha Língua com as outras que eu estava adquirindo. Então, eu fazia uma comparação estrutural... Para mim era muito válido. Existem algumas teorias que falam que não é válido, mas para mim, valeu, valeu muito bem porque com dois anos que eu estava fazendo Inglês, eu já sabia bastante coisa, pelo prazo de dois anos. É claro que não podia dizer que eu já era fluente na Língua, lógico que não, mas eu já sabia bastante, se você pegar a média de alguém que só tinha dois anos de Língua. Por exemplo: eu, com dois anos e meio de Inglês, mais ou menos, já estava dando aula particular para uma menina que, no caso, faz Inglês há dez anos. E como eu sempre gostei de músicas, tanto que foi por isso que eu quis fazer Inglês e todas as Línguas também. Então eu ouvia músicas, e fazia traduções daquelas letras. Eu também acredito que o fato de estar fazendo mais outras duas Línguas além do Inglês, foi de uma certa forma útil pra mim, porque depois de um certo tempo eu já não estava tomando como base só a minha materna, mas também fazia uma comparação com as outras Línguas que no caso eu estava aprendendo. Por exemplo, na Língua Francesa existe o sujeito apostivo. No Francês toda oração tem que ter sujeito, como no Inglês. Eu também fazia comparações estruturais mesmo de vocabulário, por exemplo: no Francês table e no Inglês table, essas coisas assim...Ao mesmo tempo, isso foi bom pra minha própria Língua materna porque como eu estava também estudando outras duas Línguas Românicas e sempre estava fazendo comparações estruturais. Então, por exemplo: eu passei a compreender melhor em português, porque a gente tem o modo subjuntivo. A gente enquanto falante da Língua nativa a gente não vê isso muito de fora e quando você vai estudando uma outra Língua Românica ou mesmo o Inglês, que não é uma Românica. Então o subjuntivo no Inglês não é tão claro e tão óbvio como é pra gente, então isso me fez fazer essas comparações, que foram útil pra mim na minha própria Língua, na minha Língua materna. Não era sacrifício pra mim, se modo algum eu chegar em casa e abrir a minha gramática pra ler ou abrir dicionários pra ler ou então assistir filmes em Inglês tentando, não só lendo a legenda, mas também querendo saber o que é que estava sendo dito, então eu me desvinculei daquela coisa de “ah! Só basta ler ali e já está bom... Não quero nem saber o que eles estão falando”, então eu sempre fazia isso. Como eu gosto muito dessa parte de comparações, de pegar e comparar uma Língua com a outra, eu sempre comparava o que eles estavam falando com o que estava sendo escrito, eu via que ele tinha situações mal feitas, outras bem feitas, no sentido de que eles falavam uma coisa, mas a tradução por não ser ao pé da letra fazia com que aquela versão em português ficava uma coisa muito mais bizarra do que você pegar a tradução ao pé da letra, então eu pude ver isso, como que a gente usa certos termos aqui, mas se você for usar em outra Língua você tem que usar em outro termo, senão não faz sentido, então ao mesmo tempo que eu trabalhava, que eu fazia aquelas comparações estruturais, eu me tornava cada vez mais consciente, porque logo quando a gente começa a fazer alguma Língua a gente acha que é só fazer a tradução literal que está tudo muito bom, então por isso que tem muita gente que é contra você dizer “ah! Quando você está fazendo alguma Língua você não pode fazer tradução”, mas aí, comigo, foi ao contrário e eu fiquei consciente de que a tradução Literal, realmente, muitas vezes ela não funciona, mas quando a gente a prende a comparar “ah! Nessa Língua a gente expressa isto usando essa palavra, na outra Língua a gente usa assim e na outra Língua assim, como eu estava te falando, isso pra mim foi muito bom, então, eu sempre comparava três Línguas ao mesmo tempo, então, “n” em Francês é assim, no Espanhol assim e no Inglês assim e no Português se parece um pouco com o Francês quando se fala. Então, ás vezes, eu era muitas vezes surpreendido que alguma coisa em Português que eu achava que seria uma coisa completamente diferente, coinscida com o mesmo termo. Então, eu posso dizer que grande parte da minha aprendizagem foi fazendo comparações entre as Línguas.

 

Pergunta: Você já teve algum contato com estrangeiros? Como foi?

 

Eu já tive contatos com estrangeiros, mas não um contato que eu pudesse falar “ah! Foi um fato novo eu ter tido contato com estrangeiro que facilitou para mim. O contato que eu tive com estrangeiros foi na época que eu estava fazendo Inglês e que eu estava fazendo outras Línguas, mas a gente não tinha a internet tão amplamente disponível como é hoje, hoje todos tem acesso, naquela época a gente não tinha tanto acesso, então, eu entrei para um clube que se chamava pen friends, era um clube, que você pagava uma taxa “x” e você falava com quais países você gostaria de ter contato com pessoas em tal língua. Aí eu escolhi 5 países, em que eu queria ter contato em Inglês. Depois disso eles te mandam uma lista de 12 ou 15 pessoas, alguma coisa assim, com endereços delas no outro país e seu nome também é mandado para aquelas pessoas naqueles países que entraram para esse clube. Aí eu comecei a entrar em contato com eles, através de cartas. Então, eu tinha contato com pessoas que eram falantes nativas do Inglês, que eram de países de Língua Inglesa como também com as pessoas que não eram falantes nativas porque não moravam no país onde a Língua Inglesa era falada. Assim eu conheci bastante gente, passava grande parte do meu tempo escrevendo cartas, porque foi muito bom, muito útil, me ajudou bastante, então hoje até dando aula eu falo com meus alunos que hoje está muito mais fácil, porque antes eu tinha que ficar mandando cartas, entrar para clubes e hoje não, você vai à uma festa e já conhece gente ali para conversar ao vivo, você vai usar muitas expressões diárias. Na carta você é mais formal, você não está tendo aquele contato direto e também se você quiser alguma coisa mais informal por e-mail é muito mais rápido, então na minha época o contato que eu tinha era mais escrito e ás vezes na letra sempre tinha algum caso de aluno de fora fazendo intercambio que eu também tinha contato, mas era aquela coisa mais de escola mesmo, então meu contato com estrangeiro era assim. Depois que eu tinha feito o Inglês, que já tinha até me formado, que eu comecei a fazer o Italiano, incrivelmente, como eu já sabia 3 línguas Românicas que são o Espanhol, o Português e o Francês e o Italiano, ficou muito claro pra mim atividades de percepção, então, tudo que a professora falava eu compreendia, quando ela ia ensinar algum tópico gramatical para mim era “sopa”, quando ela ia ensinar o passado em Italiano, era a mesma coisa do passado no Francês, igualzinho: usa o verbo “ser” ou o verbo “ter”, dependendo do verbo e quando ela ia ensinar o verbo ezist’er que funciona igual aos verbos “there is” e “there are”, então para mim era muito claro, muito claro, só que eu não conseguia falar, a parte gramatical e a parte de vocabulário para mim eram muito claras, só que quando eu ia falar ou saía Inglês ou saía Espanhol ou um pouco de Francês, então eu não conseguia ganhar influência na Língua para falar. Aí eu viajei de férias, fui para a Bahia e para onde eu fui tinha um grupo da Itália e eles eram capoeiristas e estavam lá fazendo um curso de capoeira na Itália, mas eles não falavam Português, aí fiquei no meio do grupo, conheci o grupo e só falando Italiano, primeiro começando bem, aí eu fiquei com eles por volta de 15 dias. No final dessas duas semanas, meu Italiano estava fluencíssimo, eu já estava conseguindo falar Italiano sem pensar em Inglês ou Espanhol, que tinha uma influência mais forte. Então esse contato com o estrangeiro Italiano para mim foi fenomenal porque quando eu voltei de férias, eu tive aula com a mesma professora e ela perguntou à mim se eu tinha isso à Itália, porque eu tinha ficado muito mais fluente no Italiano aí eu disse que não, que e Itália tinha vindo até mim.