Nome: Adail Sebastião Rodrigues Júnior

Escolaridade: Mestre em Lingüística

Idade: 33 anos

Profissão: Professor Universitário

Tempo de aprendizagem da língua: mais ou menos 10 anos

Lembro-me do momento que minhã mãe organizava meu material para me levar à minha primeira aula no curso de inglês do C. C. A. A. (Centro de Cultura Anglo-Americana), em 1982. Eu tinha apenas 9 anos de idade. As palavras de minha mãe ecoam, claramente, em minha memória neste momento. Assim ela me disse: “Meu filho, você vai à sua primeira aula de inglês. Isso é muito bom, porque aprender inglês desde cedo facilitará em muito sua vida de estudante”. É claro que ela queria acrescentar “e sua vida profissional também”, mas acho que ela considerou tal assertiva um pouco pesada para uma criança de 9 anos. A crença de minha mãe se instaurou em minhas convicções. Rumei, junto dela, para o C. C. A. A., na esperança de que, a partir daquele dia, eu seria uma criança diferente, mais feliz, talvez.

Quando adentrei a sala de aula, o professor foi logo me cumprimentando, dizendo-me: “Hi!”. Sorri e, pelo contexto, imaginei que ele estava dizendo “Oi”, ou coisa similar. Ele, então, conduziu-me à carteira e, após alguns minutos, iniciou a aula do nível “Children’s Course”. O material didático era todo produzido pela própria Escola de Idiomas. Estranhei um pouco, pois eu estava acostumado a usar material didático de Editoras reconhecidas da época. Não sei se senti desapontamento, ou simplesmente estranheza. Percebia, porém, sem me dar conta do todo, que o livro didático tinha seu espaço na sala de aula, como se fosse um guia ou norte de minha aprendizagem. O livro que o C. C. A. A. ora me apresentava não me convenceu de sua validade, embora eu devesse usá-lo. Com o tempo, essa impressão se diluiu e eu comecei a vê-lo como material didático em nível de excelência como os das Editoras.

De repente, o professor aponta para uma figura e diz, pausadamente “T h i s i s a h o r s e”. O colega do lado, adianta-se rapidamente: “Ah! Um cavalo!”. O professor, agita-se e responde, quase que irritado: “Não! Aqui não fazemos uso de traduções! Vocês são proibidos de traduzir!” Durante todo o curso, a tradução foi tida como algo intocável, e, sinceramente, em vários momentos eu senti falta de lançar mão da tradução para tirar dúvidas quanto a significados de palavras, expressões e, até mesmo, alguns phrasal verbs mais básicos.

Quanto eu entrei no C. C. A. A., eu estava cursando a 3ª série do ensino fundamental. Permaneci lá até a 3ª série do já extinto 2º grau, quando me formei no curso. Os métodos de ensino foram sempre os mesmos: teacher-centered, very few moments of interaction among students, teacher-asks-students-answer methodology, book-reliance communicative strategies, dentre outras. Falava-se muito, já nos dois últimos anos do curso, de método comunicativo, em que o aluno adotava uma postura mais participativa, interativa. Tal método, porém, não deixava nossos professores muito confortáveis. Sentíamos que eles preparavam as aulas, como se fossem scripts, e ensinavam os conteúdos de cada lesson. Não havia criatividade. Autonomia do aprendiz?! Nem pensar!

Quando me formei, busquei vários outros recursos para permanecer atualizado. Embora eu tivesse tido aulas com nativos, sobretudo nos três últimos anos de meu curso no C. C. A. A., eu sempre busquei me relacionar com pessoas fluentes no idioma, nativos ou não. Na Universidade, explorei bastante o inglês e o espanhol, uma vez que me graduei em Administração com habilitação em Comércio Exterior. A crença de minha mãe se concretizava: além de o domínio do inglês me auxiliar na vida acadêmica, minha vida profissional dependia dele.

A cada dia me interessava mais pela língua inglesa. Quando me graduei, já havia decidido tentar mestrado em ensino de LE ou em Análise do Discurso na UFMG. Minha primeira disciplina isolada foi com a Profª Laura Miccoli, em 1999. Li muitos textos acadêmicos em inglês. Com isso, minha habilidade de leitura melhorou consideravelmente. Desde então, tenho tido a preocupação de aperfeiçoar-me cada vez mais na língua, em sua totalidade. O que sei é que o domínio do idioma para mim é algo muito ligado à minha identidade, chegando ao ponto de ser um dos elementos que a moldam, fazendo-me uma pessoa mais feliz, creio.