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Narrativas coletadas por Andréa Santana Silva

 

NARRATIVA 16

Nome completo: Silvia
Idade: 22 anos
Escolaridade: Curso de Letras
Tempo de aprendizagem da língua: 9 anos
Narrativa coletada por Andréa Santana Silva e Souza em Junho/2010


Eu tinha aproximadamente seis anos quando tive o meu primeiro contato com a língua inglesa. Minha mãe conversava com alguns vizinhos em frente a um salão de beleza enquanto eu me distraia com o que acontecia ao meu redor. Ao nosso lado, havia dois homens conversando algo que eu não conseguia entender. Eles eram excepcionalmente brancos e altos. Fiquei muito confusa com a situação e perguntei a minha mãe quem eram aquelas pessoas. Ela, por sua vez, foi muito objetiva e me disse que eles eram americanos, iguais aos que nós víamos nos filmes, e que falavam uma língua diferente da nossa, o inglês. Acredito que foi durante esta situação que eu tive a minha primeira percepção de diversidade, que outras pessoas no mundo falavam outras línguas e que também eram fisicamente diferentes.
A cultura americana também sempre esteve presente dentro da minha casa, como em várias outras, acredito. Minha mãe sempre foi apaixonada pelos filmes e pela música. Guardo recordações de estar com meus irmãos e minha mãe deitados em uma cama de casal assistindo a filmes alugados como “Batman”, “Uma Noviça Rebelde”, “Jurassic Park”, “Grease”, “Máquina Mortífera”, entre muitos outros. Nós também ouvíamos sempre os discos (na época LPs) do Elvis, Frank Sinatra, Bee Gees, Elton John, A-ha, The Carpenters, The Beatles, só para enumerar alguns. Da mesma forma, eu era aficionada pelo universo da Disney e colecionava os VHS dos desenhos que eram lançados, assim como as bonecas das princesas. Outro aspecto da cultura americana muito presente na nossa rotina era a comida. Os passeios de fim de semana tinham que incluir visitas ao Mac Donalds.
No campo dos estudos, eu comecei a ter aulas de inglês na antiga 5ª série. Eram duas aulas semanais de 60 minutos cada e elas disputavam a minha preferência com a matéria de história. Quando completei 14 anos, meu pai matriculou-me no instituto de idiomas XXXX por causa do meu interesse pela disciplina e para que eu pudesse ter uma base melhor da língua para o vestibular. Durante as aulas, eu adorava quando os professores contavam histórias de suas experiências no exterior. Eu me interessava muito para saber sobre a cultura e sobre as diferenças com o Brasil. Desde então, um dos meus grandes sonhos era conhecer o mundo.
Em 2005, quando tive que decidir qual curso escolheria para o vestibular, optei por Administração. Como as pessoas sempre falam, “quem não sabe o que fazer, faz Administração”. Sabia que a minha área era Humanas, porém estava muito confusa em relação ao curso. Tinha aptidão por história, geografia e inglês e tinha a idéia fixa de que não queria ser professora. Não passei no vestibular para Administração e tive o ano seguinte para escolher o curso. Dentre as minhas opções estavam Relações Internacionais, Publicidade e Propaganda e Letras. Uma das pessoas que influenciaram a minha escolha foi a minha atual chefe, na época minha professora de inglês do instituto de idiomas XXXX. Ela estava fazendo um mestrado na área e me deu muitas informações sobre o curso, além de reforçar a afinidade que eu tinha com o inglês e ainda me fazer uma proposta de trabalho. Eu fiz o vestibular, passei e já no primeiro período da faculdade comecei a trabalhar como estagiária nesse instituto XXXX, dando monitorias para alunos com dificuldade, e gostei da experiência de estar em uma sala de aula.
Devo confessar que a FALE mostrou-se muito diferente do que eu esperava. Considerava que algumas das matérias que eu cursava eram inúteis e sem propósito e, além disso, alguns professores eram enrolados, em outras palavras, “picaretas”. Hoje tenho a visão de que aquilo que eu não julgava importante deve ter contribuído de alguma forma para a minha formação. Ao longo do curso, também tive a oportunidade de encontrar professores incríveis (um ótimo exemplo seria a professora XXXX) que de certa forma nos motivam a acreditar na nossa área, mesmo com tantas pessoas menosprezando o nosso trabalho.
Hoje sou professora do instituto de idiomas XXXX e estou cursando o 7° período de Letras/Inglês. Adoro o meu trabalho e aprendo muito com ele. Aprendo não somente novos aspectos, regras e vocabulário da língua inglesa, mas também aprendo muito com as pessoas que me cercam: alunos, professores, etc. No campo acadêmico, eu ainda não encontrei a minha paixão, ou seja, algo que me motive a estudar mais profundamente. Formo-me no primeiro semestre de 2011 e ainda não tenho perspectivas do que fazer depois. Sinto-me incomodada porque gosto de dar aulas, gosto de estudar línguas, mas é como se eu tivesse escolhido o curso errado, já que ainda não encontrei o “meu caminho”.
No próximo mês, ou seja, em Julho, farei a minha primeira viagem para um país onde o inglês é a língua oficial. Estudarei inglês por duas semanas em Cambridge, Inglaterra. Será uma experiência completamente nova e esclarecedora, eu espero.