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Narrativas de aprendizagem de língua inglesa narradas em português

 

Nome: Ésio Luiz e Silva
Escolaridade: Superior Completo - Letras
Narrativa coletada por Vera Menezes em Julho/2004

A minha história de aprendizado de inglês dá a impressão e que o "Inglês" tem me perseguido, e não o contrário.
Tudo começou quando passei da quarta para a quinta série do Ensino Fundamental e, junto com esta, tive outra boa nova: eu iria estudar INGLÊS. Aquilo para mim soou apoteótico, afinal de contas eu ia aprender a "FALAR INGLÊS". Bem, já que aquilo ia mesmo acontecer, por quê não começar naquele exato momento? Então procurei alguém que já estudava na quinta série ou sexta série para que me ensinasse pelo menos uma palavrinha em inglês, e "RABBIT" foi o meu passaporte para o mundo novo.
Tamanho foi o meu entusiasmo que, já na quinta série, eu não tinha olhos (ou qualquer outro sentido) para outra coisa. Minhas melhores notas eram as de inglês, e as melhores notas de inglês eram as minhas. Fiz o professor de inglês se tornar meu amigo (pelo menos eu acreditava nisso). Meus colegas já achavam que eu era "puxa-saco" do professor Nivaldo. Para mim não havia problema: eu o admirava mesmo. Ele era a pessoa que mais sabia inglês que eu conhecia. E assim se deu durante aqueles dois anos. A única coisa que mudou é que eu já tinha a consciência de que eu não ia "FALAR" inglês.
Conforme já mencionado, tudo correu normalmente até que passei para a sétima série, quando fora a abandonar o inglês: estudava-se francês na sétima e oitava série.
Mesmo tendo preferência pelo inglês, não fui mau aluno nas outras disciplinas e cheguei ao "segundo grau", o científico. Lá eu poderia escolher qual língua estrangeira eu queria estudar, Não foi difícil escolher. A essa altura eu já era o adolescente com todas as "nóias" da idade, mas era bom na escola e sabia um pouquinho de inglês. Eu era católico e o padre, que era holandês recebia visita de sua família vez em quando. Ao final da missa, ele dizia: "Quem quiser conversar um pouquinho com minha família pode ficar à vontade". Só que precisa falar holandês, frízio ou inglês. Quem ia ser o intérprete? Resposta: Eu. A verdade é que eu não sabia muito mais que cumprimentos e algumas estruturas básicas, mas eu tinha coragem.
Aos 18 anos, passei no concurso e fui trabalhar na Cemig e, por mais de 10 anos o meu "inglês" ficou esquecido, ou melhor, adormecido. Houve uma época em que tornou-se um hábito meu estudar livros didáticos. estudava de capa a capa todos a que tinha acesso.
Aos 29 anos, algo me despertou para fazer um curso superior - qualquer um ou o mais barato. Quando li no manual do candidato, o que havia lá? Letras - Português/Inglês. Matriculei na faculdade e no cursinho de Inglês e voltei a ser feliz.
Me formei e ainda trabalho na Cemig, para qual o meu inglês e minha graduação não fez nem faz diferença, mas que para mim tem feito muita. O curso superior me fez um outro cidadão.
Pouco antes de me formar, fora convidado a interpretar um pastor evangélico africano que pregava em inglês. Aceitei o convite, e com um misto de medo e coragem fui para o desafio que, guardadas as devidas proporções, foi um sucesso.
Hoje, matriculado no Pós-Graduação e num curso de graduação em Direito, me deparo com uma encruzilhada onde devo escolher entre o que quero gosto, devo e preciso. Não posso fazer os dois cursos devido ao alto investimento. Mas, independente da escolha, o inglês ainda há de fazer uma grande diferença em minha vida.
Como no princípio, ainda hoje tenho muita admiração pelos professores de inglês, e isto inclui meus colegas de classe. Por isso desejo que façam o melhor com seu trabalho, pois o resultado dele há de fazer muita diferença na vida de alguém.

P.S.: Do período de transição entre o inglês que eu não ia aprender e o que, definitivamente eu ia aprender a falar, posso afirmar que as situações reais de conversação e a música fizeram toda diferença. Sou músico e, naturalmente, música faz parte do meu dia-a-dia. Do mesmo modo, a música tem acompanhado todo o meu processo de aprendizado de inglês. Foram inúmeras as vezes que a lembrança de expressões contidas em músicas que eu ouvia me ajudaram a desenvolver um discurso e fazer muita coisa ter sentido.