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Narrativas de aprendizagem de língua inglesa narradas em português

 

Nome: Maysa Monção Gabrielli
Idade: 36 anos
Escolaridade: magistério
Tempo de aprendizagem: 3 anos

 

            Comecei a estudar sistematicamente uma segunda língua aos nove anos de idade, numa escola de inglês que ficava em frente à PUC-SP. (Posteriormente, quando transferi meus horários de estudo para as 18h30 essa localização gerou alguns problemas, porque freqüentemente tínhamos de interromper as aulas por conta das buzinas de motoristas inquietos!) Passei a minha pré-adolescência e adolescência comparando a escola normal à escolinha de inglês e chegando à conclusão de que tudo era muito mais efetivo lá no Centro Britânico: li Animal farm antes de estudar a Revolução Russa na 7a. série, fiz um paper sobre The catcher in the rye muito antes de entender o que era Vestibular.

            O grande barato dessa escola eram os speeches na aula de Mr. Collins. A gente se preparava lendo notícias de jornal e revista e comentando-as em classe para os colegas. Na semana seguinte, então, com o vocabulário enriquecido, escrevíamos o tal do essay ou composition. Esse foi um aprendizado crucial de conhecimentos gerais para o Vestibular e entendimento da vida e dos interesses dos colegas, nem sempre compatíveis com os meus (aprendi sobre medicina, direito, saúde pública...). No entanto, nada disso teria sido significativo não fosse a admiração pelo professor. A profunda humildade com que se interessava pelos tópicos dos alunos, a calma com que ministrava a aula e desprezava os “métodos modernos” (laboratório, transparência, etc.) e se concentrava no desenvolvimento de cada aluno. Basta dizer: ele sempre corrigia a lápis. Que delicadeza!

            Apaixonei-me pela língua, fui fazer letras e, depois, trabalhar com editoração e ministrar aulas de edição de texto, isso já bem mais tardiamente.

            O aprendizado de uma terceira língua, o italiano, foi mais rápido naturalmente, por questões de comparação. A vontade surgiu depois de uma viagem à Itália, em que percebi que já falava o italiano (che porca miseria! pelo menos eu identifiquei da fala de uma cozinheira), mas que não falava muito bem. Até hoje não sei direito quando se usa o ci, mas recentemente tenho me correspondido em italiano com um professor romano, sem muitos ruídos de comunicação. No último e-mail, ele me perguntou o que era “ralo”, pois não traduzi o título de Lourenço Mutarelli “O cheiro do ralo” para ele. Desta vez, vou pesquisar no dicionário...