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Narrativas dos Pesquisadores - Luciana de Oliveira Silva

Nome: Luciana de Oliveira Silva
Idade: 34
Tempo de aprendizagem: mais de 15 anos

Comecei a estudar Inglês aos 8 anos de idade porque meu pai percebia o interesse que eu tinha pelas músicas internacionais. Ele achava engraçado me ver cantando, pronunciando as palavras de maneira estranha, quase inventadas. Hoje ele afirma Ter enxergado a possibilidade de me ver falando Inglês fluentemente um dia devido ao meu gosto por tudo que dizia respeito à língua.
Entrar em um cursinho foi realmente a minha paixão. Eu amava tanto aquelas aulas que queria ir lá todos os dias. Chegava em casa, fazia os deveres, adiantava páginas do livro de exercícios, queria sempre mais. Minha dedicação era tanta que meus pais descobriram ali uma forma de me ameaçar se eu perdesse notas na escola (nunca gostei muito de estudar outras matérias): se eu não tivesse um resultado satisfatório no boletim escolar, sairia do curso de Inglês. Isso realmente aconteceu. Tirei notas baixas, fiquei de recuperação e acabei estudando aquele livro de Inglês sozinha. Só tive Inglês na escola regular na 5ª série. A professora, na época, logo percebeu meu interesse e minha dedicação e eu só tirava notas ótimas. Virei “professora particular” de vários colegas e era muito procurada para estudar com os filhos de amigas da minha mãe.
Só voltei para um cursinho de Inglês quando tinha 15 anos. A coordenadora pedagógica me pediu para fazer uma prova escrita e por causa dos meus conhecimentos gramaticais eu entrei no 4º estágio. Não falava Inglês, só repetia letras de músicas (mas minha pronúncia era muito boa). Foi muito bom voltar a ouvir Inglês na sala de aula e, como a turma era pequena, a dedicação da professora aos alunos era muito grande. Na época conheci um garoto que estava estudando Inglês para ir embora para os Estados Unidos (dois irmãos dele já estavam lá) e nós dois passamos a estudar juntos sempre que podíamos. Conversávamos em Inglês e procurávamos descobrir o que não sabíamos. Escrevíamos cartas um para o outro também em Inglês e pedíamos a professora para corrigir. Eu cheguei a fazer ligações para o exterior para conversar com nativos (isso me valeu uma boa surra, semanas de castigo e um cadeado no telefone da minha casa). A essa altura eu já ganhava meu dinheiro dando aulas particulares de Inglês para alunos com problemas na escola.
Um ano depois a diretora da escola precisava contratar uma professora para crianças e minha ficha foi analisada. Com uma ótima recomendação da minha professora (que ainda era a mesma), fiz uma entrevista e arrumei meu primeiro emprego. Daí para frente foi só estudo, muitas novas descobertas e várias substituições em turmas de adultos, que logo me fizeram aumentar minha carga horária na escola.
Ao fim do então 2º grau, tive que fazer minha escolha de curso superior. O coração pedia o Jornalismo, mas a não possibilidade de sair de casa para estudar (meus pais não permitiram), optei por Letras. De Inglês mesmo, nada vi na faculdade. A professora me dispensou das aulas, do 1º ao 4º ano. Nunca tive disciplinas voltadas para a Lingüística Aplicada e meu estágio foi a coisa mais chata que fiz na minha vida. A professora da escola em que estagiei praticamente me implorou para que eu não fizesse o estágio e ela assinaria o meu relatório numa boa. Ela não falava Inglês e se sentia ameaçada pela minha presença. O que fiz naquela escola foi dar reforço para os alunos que estavam de recuperação paralela.
Ao fim do curso de Letras eu já via possibilidades na profissão (que naquele momento já me frustrava totalmente). Comecei o PREPES, na PUC e comecei a vislumbrar um mundo novo. Daí para o mestrado foi um pulo.