Nome: Mary
Idade: 32 anos
Escolaridade: cursando pós-graduação
Tempo de aprendizagem: não informado

Narrativa coletada por Vera Menezes

Meu primeiro contato com o inglês aconteceu aos 11 anos, quando eu estava na quinta série. Sou de uma cidade pequena de Minas Gerais, Alvinópolis, e não havia lá curso de inglês extra. Então, a iniciação da população na língua inglesa começava no colégio. Naquela época, havia um compromisso dos pais de adquirir o livro didático para o filho e o de inglês era bonito, com muitas ilustrações.
A metodologia do professor era baseada na leitura dos diálogos com repetição feita pelos alunos. Era exigência do professor que todos repetissem, com voz forte, as palavras lidas por ele. Em todo o primeiro grau foi seguida a mesma linha de trabalho: textos como pretextos para o ensino da gramática, diálogos sem consideração ao aspecto sócio-lingüístico. Frases para mudar as formas, frases para serem traduzidas e ensino de vocabulário, que diga-se de passagem, era imposto e não vinha ao encontro de nossas necessidades. Exemplo: a palavra "umbrella" era uma das primeiras apresentadas pelo professor, no início das aulas. 
Sentia-me motivada pelas aulas, pois meu desempenho era bom e eu memorizava rapidamente as palavras apresentadas. Os alunos não perguntavam palavras de seu interesse, pois não havia exercício livre, que nos motivasse a descobrir novas palavras. Acredito que não perguntávamos palavras novas, pois o nosso compromisso era com o exercício proposto no livro didático. 
Quando eu iniciei o segundo grau, matriculei-me em um curso de inglês na cidade vizinha. Naquela ocasião eu já perguntava à professora sobre palavras de meu interesse e a metodologia já permitia mais interação, embora o material adotado pelo curso seguia também uma linha de gramática aplicada em textos. Mas havia um tipo de exercício que nos permitia criar frases, pois eram perguntas para os alunos, as perguntas eram feitas oralmente para os alunos e nós tínhamos que responder. Se compararmos o inglês que eu aprendi na escola regular com o inglês do cursinho, o cursinho era mais interativo, devido ao material. Há dois assuntos os quais eu não aprendi no curso: preposições e phrasal verbs. Foram assuntos abordados em sala, mas, segundo a professora, eram assuntos difíceis e enjoados. Houve pois influência negativa que resultou em não-aprendizagem. Um ponto positivo era uma redação por semana. 
O segundo grau não acrescentou na aprendizagem, pois a professora me dispensava das aulas.
A trajetória da faculdade não foi motivadora, pois havia um grupo de alunos sem conhecimento, o que levou a professora a introduzir o inglês como um simples segundo grau, com exercícios repetitivos e frases descontextualizadas.
Em toda a trajetória descrita, não houve ênfase alguma no listening. Eu desenvolvi esta habilidade através de conversas com aprendizes, contato com alguns nativos, ouvindo músicas, observando a fala dos professores. Um recurso usado por uma professora de cursinho que eu achei interessante foi a criação de um diário no qual eu teria que escrever sobre minhas atividades diariamente. A leitura de pequenos livros de literatura ajudaram a ampliar o vocabulário e a memorização de alguns pensamentos.