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Narrativas coletadas por Francisco Quaresma de Figueiredo

 

Nome: Magali Saddi Duarte
Escolaridade: Mestre em Educação Brasileira
Idade: 43 anos
Profissão: Professora Universitária
Tempo de aprendizagem da língua: 30 anos
Narrativa coletada por Francisco Figueiredo
 
Iniciei a minha aprendizagem em Língua Inglesa na 5ª série do ensino fundamental, na cidade de Jandaia do Sul – PR. Mas antes disso, lembro-me de que minha irmã mais velha ensinou-me a seguinte frase em inglês Please, my father! Give me some money. De posse de tal conhecimento, repeti a frase para o meu pai que ficou encantado. Lembro-me que, a partir de então, senti uma vontade enorme de aprender o idioma. Estudei um ano a língua, na escola regular com uma professora, que era para mim uma espécie de ídolo. O inglês da professora não era muito bom, mas ela sempre se preocupou em fazer com que tentássemos ter uma produção oral.
 
Aos doze anos, mudei-me para Goiânia, e aos treze matriculei-me no Centro Cultural Brasil Estados Unidos, escola particular do idioma, pioneira nesta cidade. Mais uma vez fui bastante feliz com os professores, tive duas excelentes professoras: uma brasileira e a outra americana. Ambas ensinavam por meio do método estruturalista. Estudei nesta escola apenas três semestres, que foram essenciais para o meu desenvolvimento na língua inglesa. Não me lembro o nome do livro que era adotado, mas todos os dias, sem exceção, eu lia em voz alta todos os textos, desde o primeiro texto do livro. Penso que isto me ajudou tanto na pronúncia quanto na memorização das estruturas da frase.
 
Pelo fato de me mudar para o interior, tive que interromper os estudos da língua inglesa em escola particular. Na cidade de Goiás, onde residi por quatro anos, tive uma experiência interessante. No colégio Sant’Ana, tínhamos duas línguas estrangeiras – Francês e Inglês. De início, a madre superiora não queria aceitar minha matrícula porque eu não tinha nenhum conhecimento de francês. Convencida de que alguém da família me ajudaria nos estudos, fui matriculada. No decorrer do ano, verificou-se que as notas mais altas da disciplina em questão eram as minhas, e eu não contei com a ajuda de ninguém no processo de aquisição desta língua. O que a madre não sabia é que sou descendente de família árabe, cujos avós e também o meu pai sempre valorizaram a aprendizagem de língua como possibilidade de comunicação entre diferentes raças. Ainda nesta escola, a professora de inglês não tinha formação para ser professora. Ela foi convidada a dar aulas porque seu marido era de nacionalidade inglesa e ela havia passado três meses na Inglaterra. Então, dadas as limitações da professora, fui ficando responsável pelas aulas da 8ª série. Fazia a chamada, ministrava o conteúdo, formulava as provas, corrigia-as e passava as notas no diário.
 
No ensino médio, tive duas professoras e ambas tinham grande responsabilidade com as turmas. Lembro-me de que foi no ensino médio que aprendi as regras da língua. Tínhamos uma turma grande, então a professora trabalhava mais a gramática da língua. Apesar de ser ótima aluna, não me lembro de ter nota máxima com essa professora, que era altamente exigente.
 
Em 1979, no preparatório para o vestibular tive dois professores de língua inglesa – um trabalhava com leitura e o outro com gramática. Não me lembro de o professor ensinar estratégias de leitura, pois a aula consistia na leitura e tradução dos textos. O que eu fazia em casa era reler estes textos observando e tentando memorizar os novos vocábulos e também estudar as regras gramaticais.
 
Em 1980, entrei na Universidade Federal de Goiás para o curso de Letras Modernas-Inglês. Logo no início do curso, percebi que havia alunos que tinham mais conhecimento da língua que eu. Então fui procurar um curso particular. Fiz teste de nível na escola de idiomas Chicago e fui aprovada para o curso de Main Conversation 1. Estudava muito para o curso da faculdade e também para o cursinho de inglês. Uma das estratégias que utilizava era gravar as minhas leituras para verificar pronúncia e entonação. Foi nesta mesma época que comecei a dar aulas particulares de inglês. O exercício de dar aulas também foi importante na consolidação do meu aprendizado, pois ao preparar as aulas eu tinha que rever pronúncias no dicionário, rever regras.
 
Depois da escola de idiomas Chicago, fui estudar em uma escola chamada The School House, cuja proprietária era inglesa e professora universitária. Estudei mais ou menos um ano e depois fiquei só com os estudos da universidade.
 
Assim que terminei o curso de Letras fui convidada a dar aulas em uma escola particular de idiomas. Lecionei nela um ano. Depois, fiquei afastada de sala de aula por seis anos. Em 1990, assumi uma turma em uma escola cuja proprietária era britânica. Ela passava todas as técnicas e me ajudava a montar as aulas. No final do ano, ela retornou à Inglaterra e fui trabalhar em outra escola. Insatisfeita com o livro adotado – série Streamlines –, comecei a dar aulas particulares para vários grupos de alunos com a série BBC. Em 1992, participei de um concurso público para professor de Língua Inglesa da Universidade Federal de Goiás para trabalhar com alunos do ensino básico, onde permaneço até hoje. Nesta trajetória, fiz vários cursos particulares, cursos para o aperfeiçoamento de professor de língua estrangeira e também para o próprio aperfeiçoamento do conhecimento da língua. Hoje meus estudos estão mais voltados para a questão da aquisição de segunda língua, mas ainda conto com uma professora particular -, cujas aulas são voltadas para a conversação.